Aproveite as ofertas da Chippu Black!

Veja as ofertas
Termos e Condições Política de Privacidade
Filmes
Entrevista

Omelete entrevista John Davis - Diretor de Lucas, um intruso no formigueiro

Omelete entrevista John Davis - Diretor de Lucas, um intruso no formigueiro

MF
07.09.2006, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H20

Lucas, um intruso no formigueiro
The Ant Bully
EUA, 2006
Animação - 88 min

Direção e roteiro: John A. Davis
Roteiro: John A. Davis, John Nickle

Vozes no original: Jake T. Austin, Nicolas Cage, Alan Cumming, Paul Giamatti, Julia Roberts, David Kaye, Regina King, Allison Mack, Larry Miller, Ken Mitchroney, Ricardo Montalban, Cheri Oteri, Meryl Streep

Não é todo dia que um indicado ao Oscar liga para a sua casa, né? Por isso, corri muito e driblei um dos piores dias de trânsito para chegar em casa a tempo de entrevistar John Davis, o diretor de Lucas, um intruso no formigueiro. Quer saber como ele conseguiu reunir um elenco que conta com Julia Roberts, Nicolas Cage, Merryl Streep e Bruce Ash Campbell? Então leia a entrevista abaixo :-)

Pra começar, por que você decidiu adaptar este livro, já que seu trabalho anterior tinha sido Jimmy Neutron , um personagem criado por você?

John Davis - Depois que Jimmy Neutron foi lançado eu estava pensando em qual seria o meu próximo projeto, procurando por novidades. E um certo dia este livro apareceu na minha mesa. Enviado por Tom Hanks... Tom Hanks me mandou um livro!! (risos) Ele estava lendo Lucas - Um intruso no formigueiro com seu filho e achou que aquilo daria um bom filme. Ele tinha visto Neutron e gostado, e mandou pra ver se eu tinha idéias de como transformá-lo em um longa-metragem.

Você acha que é mais difícil adaptar um livro do que criar seu próprio universo?

Bom, esta foi a primeira vez que eu fiz isso e foi bem diferente. De um lado foi bom porque mantém você focado, pois você sabe como é a história e tem uma idéia de como convertê-la num filme. Quando você está criando algo novo, você pode fazer o que quiser e pode perder muito tempo indo por caminhos que vai acabar não usando no final. Mas de uma maneira geral foi bem divertido. Foi como resolver um quebra-cabeça.

Quais as diferenças do livro para o filme? Por exemplo, Zoc e Hova não eram personagens do livro... o que mais você mudou?

No livro tem uma formiga chamada O Mago, que é quem diminui Lucas, e isso é tudo o que ela faz, já que ela não aparece mais na história. A verdade é que no livro não há muitas formigas que sejam personagens, com diálogos e tudo mais. Acho que é a Rainha quem fala mais e mesmo assim é pouco. O livro não tem mais do que 2 mil palavras, já que a história ali é bem simples: Lucas é o menino que é alvo do valentão, desconta nas formigas, é diminuído para o tamanho de um inseto, aprende sua lição e volta ao tamanho normal. Mas para transformar isso em um longa-metragem, eu tinha como desafio dizer quem eram estas formigas, explicar por que o mago está trabalhando nesta poção e o que acontece quando Lucas é diminuído e tem de encarar tantos seres que não gostam dele. Tivemos a idéia de criar esta personagem [Hova] que em vez de persegui-lo resolve mostrar como as formigas vivem, para tentar transformá-lo numa pessoa melhor. E há também um conflito entre Zoc e Hova, já que ela quer se comunicar com os humanos, e Zoc não gosta deles. Tivemos que implementar este tipo de coisa para alongar a história.

E o elenco, como você conseguiu reunir tanta gente boa, como Julia Roberts, Nicolas Cage, Merryl Streep? Tom Hanks ajudou neste processo?

Claro que ter Tom como produtor ajudou bastante. Para dizer o mínimo, nós tivemos acesso aos agentes deles. Mas depois, o resto foi meio que normal. Eu tive que mandar o roteiro para eles e ficar aqui esperando, com os dedos cruzados, para que eles gostassem da história. Por sorte todos gostaram e nós conseguimos este elenco fantástico.

Tinha alguém do elenco com quem você queria muito trabalhar?

Sempre fui um grande fã do Nic Cage, além é claro de Merryl Streep e Julia Roberts. Mas Nic Cage era um cara com quem eu fiquei ansioso antes de começar a trabalhar. Ele é muito bom, profissional mesmo e adorei trabalhar ao seu lado.

E Bruce Campbell?

Sim! Eu ia falar dele agora. Eu sempre quis trabalhar com ele também. Eu sempre fui um grande fã do seu trabalho em Evil Dead. Ele é muito divertido! E eu tinha que ir até Oregon para gravar as vozes dele, lá no rancho onde ele mora. Eu ia até lá, ficava uns dias e me divertia muito.

E também foi muito legal trabalhar com Ricardo Montalban [o chefe do Conselho]. Ele era o único ator que eu já tinha em mente desde que estava escrevendo o roteiro.

Mesmo sabendo que as histórias são bem diferentes, você não ficou com medo de ter a sua história comparada com FormiguinhaZ, da DreamWorks, e Vida de Inseto, da Pixar?

Eu pensei bastante sobre isso. E por mais que eu analisasse que íamos fazer mais um filme com formigas, mais eu via que eram histórias completamente diferentes. E quando eu via o que os outros tinham feito e o que eu queria fazer, com cenas que não existiam nos outros filmes, eu percebia que era algo bem diferente. E, você sabe, tem mais de um filme sobre cowboys, não é? (risos) Mais de um filme com vampiros... então, por que não?

Por que você acha que acontece tanto no mundo das animações de ver projetos com personagens que se parecem, como as formigas de FormiguinhaZ e de Vida de Inseto, ou os monstros de Shrek e Monstros S.A. e até mesmo recentemente com Selvagem e Madagascar.

Acho que um pouco é porque no campo da animação você está sempre procurando por algo diferente do ser humano. Por isso você vê tantos animais, por exemplo. Mas eu não sei por que existe este paralelo. Além dos que você citou, ele acontece também em Procurando Nemo e O espanta tubarões e com os pingüins, que vão ganhar alguns projetos nos próximos anos. E eles sempre vêm em pares. (risos)

Exato! Isso é muito bizarro.

É muito estranho o jeito como isso acontece. Acho que parte da explicação é que existem muitas histórias bastante parecidas esperando para serem contadas. Ou então histórias sobre personagens parecidos que coincidentemente são feitos na mesma hora. Eu realmente não sei explicar isso.

Da imagem que se vê na capa do livro para o Lucas do filme, há uma enorme transformação no personagem. Por que você fez estas mudanças?

Eu quis mudar completamente o design por causa do próprio jeito que eu queria contar a história. Aquele estilo de desenho funciona num livro ilustrado, mas para o filme eu achava que era necessário um desenho mais realista, com mais detalhes. Isso para que, quando diminuíssemos Lucas, houvesse um grande impacto visual. Por isso eu optei por tantas mudanças. Por exemplo, eu queria que as vespas se parecessem com máquinas de guerra biomecânicas.

No primeiro teaser, Lucas aparece destruindo o formigueiro e eu achei que ele seria o vilão da história. Mas depois, quando o filme começa, você vê que ele é também uma vítima, quando aparece o valentão que mexe com ele. Como fazer com que um personagem digital mostre estes dois lados?

Essa idéia dele ser vítima para o valentão da vizinhança e descontar nas formigas já estava no livro. Nas histórias que eu gosto, o legal é ver o personagem principal passar por mudanças. No caso de Lucas, ele aprende a fazer amigos e a fazer parte de uma comunidade. Você vê que ele passa de O Destruidor para O Salvador para as formigas.

Falando de outros personagens, você não acha que a irmã dele, Tiffany (uma adolescente que só pensa nela mesma), não está precisando aprender uma lição também?

Você tem que tomar cuidado com o número de histórias que você vai contar. Por exemplo, para ensinar uma lição à Tiffany nós teríamos que gastar mais tempo nela. E parte do processo de se fazer um filme é justamente saber quanto tempo você tem para cada personagem. Você sempre acaba cortando cenas no final para poder se focar mais no personagem principal.

Mas de repente ela pode render uma seqüência...

(risos) Claro! Se houver uma seqüência ela com certeza estará nele.

E por falar em futuro... você pode nos dizer como anda Neopets ?

Na verdade, os produtores de Neopets me chamaram, mas eu não estou escrevendo. O roteiro está nas mãos de outra pessoa. Eu disse para eles me mandarem uma cópia quando estiver pronto e, se eu gostar, nós poderemos pensar em transformá-lo em um filme.

O projeto no qual estou trabalhando agora se chama The Star Beast. É baseado no romance de Robert A. Heinlein. Se com Lucas eu tive que expandir uma pequena história, com Star Beast eu tenho este grande romance que tenho que diminuir. É exatamente o oposto. (risos) E vai ser o meu primeiro filme com atores de verdade. Vou misturar live action com animação.

Legal! Você já tem algum ator em mente para este projeto?

Ainda não. Ninguém que eu possa falar ainda. Tenho algumas idéias, mas ainda não falei com ninguém.

Quando você está planejando começar as filmagens?

Estou começando a escrever o roteiro agora e quero terminar até o fim do ano. Se tudo der certo, podemos começar a produção na primavera do ano que vem.

Pra terminar... Jimmy Neutron foi indicado ao Oscar no ano em que foi criada a categoria de longa-metragem em animação. Para o meio, qual a importância desta categoria?

Algumas pessoas vêem isso como algo positivo e outras como uma coisa negativa. A maioria levou pelo lado bom, pois chama mais atenção para a animação. Mas por outro lado, outras pessoas acham que não deveria ter uma categoria à parte, e que animações deveriam competir com os filmes live action . Mas, no geral, eu acho que foi muito bom, porque mantém a visibilidade da animação todo ano. Especialmente agora, com tantos projetos saindo, acho que faz todo sentido ter uma categoria dessas. E eu fiquei muito feliz, porque se não houvesse eu nunca seria indicado! (risos)