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O universo expandido dos fan films

Saiba mais sobre as produções comandas pelos fãs de grandes franquias

24.01.2018, às 09H37.
Atualizada em 01.02.2018, ÀS 09H11

Ainda nos primórdios da internet, as fan fics eram algo comum para os fãs de cultura pop. Bastava pesquisar um pouco para encontrar várias histórias escritas pelos admiradores de séries, filmes, livros e games. Isso continua a existir e evoluiu para a versão audiovisual. Como o nome já diz, os fan films são obras criadas por fãs baseadas em franquias que já existem. Recentemente o universo de Harry Potter ficou mais conhecido nessa categoria pelo lançamento de Harry Potter: Origins of the Heir, mas existem vários outros exemplos.

Divulgação

Star Wars é uma franquia que possui uma tradição nessa área. As produções do gênero ficaram tão populares, que a Lucasfilm realizava até 2016 um concurso anual para premiar os melhores em categorias diferentes. Então isso quer dizer que qualquer pessoa pode fazer seu filme sem problemas? Depende. Um fan film envolve marcas e nomes registrados por uma empresa. Isso quer dizer que a qualquer momento os estúdios, editoras ou emissoras de TV podem pedir para que o material saia do ar, principalmente se há algum lucro atrelado ao produto.

Em entrevista ao Omelete, Keith Allen, diretor de Han Solo: A Smuggler’s Trade, explica que não teve problemas com a Disney/Lucasfilm quando lançou seu filme: “Uma das melhores maneiras de evitar isso é ser claro e afirmar frequentemente que seu filme é um Fan Film, sem fins lucrativos. A maioria dos estúdios e empresas não se importam se você colocar isso em todos os lugares [do filme] e não vender ingressos dele [risos]”.

Star Trek é outro bom exemplo. A série de TV já ganhou tantos filmes de fãs que, para evitar problemas legais, a CBS e a Paramount montaram um manual com regras de como os filmes devem ser feitos. Segundo o texto, as empresas não serão contra ou tomarão nenhuma ação na justiça com os vídeos que seguirem diretrizes como: duração de 15 minutos para um segmento único ou 30 minutos para 2; não fazer sequências ou remakes; não ter a recriação ou cenas de produções de Star Trek; usar uniformes ou objetos oficiais, entre outros detalhes.

Quando os fan films são criativos, eles também podem ser benéficos para o estúdio. Em 2015, por exemplo, o curta sombrio de Power Rangers chamou a atenção da internet e também da Lionsgate, que percebeu a animação dos fãs e investiu no longa-metragem lançado em 2017. Depois do sucesso do fan film, o produtor Adi Shankar, que já tinha trabalhado em Hollywood, se envolveu com a série animada da Netflix  Castlevania. O vídeo também se tornou um portfólio para ele.

Hora de fazer

Todo fan film começa a partir da ideia de um fã sobre algum projeto que ama. Pode ser algo derivado, como o romance entre personagens improváveis; algo inédito, como uma nova história dentro daquele universo; uma sequência do que já foi feito ou mesmo um pedaço daquela história que nunca foi contado. Há também crossovers improváveis: quando seria possível ver o confronto entre o Wolverine e a Mulher-Maravilha nos cinemas?

No caso de Han Solo: A Smuggler’s Trade, Allen trabalhou na ideia original do amigo Jamie Costa, produtor-executivo e protagonista do projeto. Depois disso, a escolha dos outros atores aconteceu de forma tradicional, com chamadas de elenco e testes para os personagens.

Porém, o grande desafio de qualquer fan film é conseguir o orçamento por meio de doações e investir de forma certa no projeto. Keith Allen revela que sua equipe de produção tinha contatos com bons profissionais de efeitos visuais, o que facilitou o processo. Assim, pesquisar ou conhecer pessoas da área audiovisual é um passo importante. Não é raro que amigos façam projetos com valores mais baratos ou até de graça, tudo pela satisfação de ver o trabalho pronto. “Você precisa pensar grande, planejar bem, ser criativo quando os problemas começarem a aparecer e executar tudo isso com precisão”, finaliza Allen.