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Entrevista

O Roubo da Taça | "A Netflix se mostrou um grande parceiro desde o começo", diz diretor

Caíto Ortiz fala sobre liberdade em trabalhar com a empresa

RF
05.09.2016, às 17H24.

Mesmo atacado pela ala mais conservadora da crítica, durante o recém-encerrado Festival de Gramado, por sua aposta na incorreção política, O Roubo da Taça - que nacionalmente estreia nesta quinta-feira (8) - cravou quatro inesperadas vitórias na disputa pelo prêmio Kikito, na Serra Gaúcha: melhor roteiro, fotografia, direção de arte e ator, dado a Paulo Tiefenthaler (da série Larica Total). Com direção de Caíto Ortiz e um clima de malandragem à la A Trapaça (2013), esta “comédia torta” (como define seu realizador) recria o Rio de Janeiro de 1983, a partir do sumiço da Jules Rimet, o troféu conquistado pela Seleção Brasileira na Copa de 1970. Orçado em R$ 6,8 milhões, o projeto carrega a logomarca da Netflix em seus créditos de abertura, demarcando o investimento da plataforma no cenário do cinema nacional. 

A Netflix se mostrou um grande parceiro desde que entrou no projeto, ainda na fase do roteiro, e acreditou no filme sempre. Em nenhum momento, ela deu nenhum palpite sobre que caminhos deveríamos seguir, seja no tom do filme, na escolha do elenco ou na montagem, explica Caíto Ortiz, que antes, em 2013, havia dirigido a ficção Estação Liberdade, ambientada em São Paulo, e que, agora, faz uma aposta no riso com um padrão narrativo mais ousado.“Adoro comédia bem feita. É um gênero fino. Cresci à base das comédias italianas dos anos 1970, curtindo mestres como Ettore Scola e Mario monicelli colocarem os personagens mais loucos em frente à camera. Sempre soube que, para contar essa história, precisaríamos caminhar alguns degraus acima do tom naturalista, e fomos muito felizes com as escolhas. Acredito que dá para se fazer grandes filmes nesse gênero, não só essa comédia televisiva que invadiu os cinemas brasileiros nos últimos anos”.

Ganhador do prêmio de público no Festival SXSW, no Texas, O Roubo da Taça foi um dos filmes brasileiros de maior visibilidade e de melhor boca a boca no Marché Du Film do Cannes (zona de negócios do evento francês). A trama acompanha as armações do vendedor de seguros Peralta (Tiefenthaler) para se apropriar da Jules Rimet e conseguir, a partir dela, o dinheiro necessário para quitar suas dívidas de jogo, aplacando a fúria de sua mulher, Dolores (Taís Araújo). Stepan Nercessian interpreta o dirigente da CBF e o rapper Mr. Catra tem participação hilária como o bandido Albino, um potencial comprador do troféu. O momento alto do longa é a sequência de Peralta dançando com a taça, só de sunga, e bebendo Toddy.

Este Rio de Janeiro que está no filme é o Rio da minha infância, das minhas memórias. Eu nasci no Rio, mas fui para São Paulo muito pequeno. Porém, sempre passava as férias de verão na casa da minha avó em Copacabana, no final dos anos 1970 e começo dos 1980. Aquela era uma época muito livre, muito anárquica para um garoto de 9, 10 anos perambulando livre por aquele bairro mítico. O filme é pura memória emotivadiz Ortiz, ainda sem acreditar no volume de Kikitos que conquistou. “Gramado foi uma grande surpresa: uma comédia participando já era, em si, um fato inusitado. E, sermos contemplados com quatro prêmios, parece mais incrível ainda, ainda mais porque nós passamos logo depois do musical Elis. Foi difícil para o publico que ficou, pois estava tarde. Mas nosso filme conseguiu virar a chavinha da plateia e arrancou boas risadas”.