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O Menino do Pijama Listrado

Drama sobre holocausto coloca crianças na linha de frente

11.12.2008, às 16H30.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H43

Há alguns anos fui ao Sachsenhausen, lugar que foi uma espécie de "campo de concentração-piloto", no subúrbio de Berlim. Foi um dos lugares mais sombrios nos quais já pisei. Mesmo hoje, mais de 50 anos depois do fim da 2ª Guerra Mundial, o ar ainda é pesado, não há flores, o gramado parece menos verde que o normal e - ao menos no dia que passei ali - o céu estava cinza. No caminho, depois de descer do trem, várias casas. E eu ficava pensando como aquelas pessoas conseguiam viver ali, perto de um lugar onde tanta desgraça tinha acontecido.

O Menino do Pijama Listrado

O Menino do Pijama Listrado

Os campos eram afastados das cidades, o que reforça a teoria de que nem todos sabiam o que acontecia lá dentro, o que era aquela fumaça preta e o cheiro insuportável que emanavam de lá. É essa ingenuidade o principal combustível de O Menino do Pijama Listrado (The Boy in the Striped Pijamas, 2008). O título se refere a essa naïvité do filho de um militar alemão promovido a chefe de um desses campos.

Bruno (Asa Butterfield) acha que as pessoas que vivem a alguns metros de sua casa são fazendeiros, mas não entende porque eles são tão infelizes e andam com aqueles "pijamas listrados". Altamente entediado, no meio do nada e sem os amigos com quem brincava em Berlim, Bruno decide sair um dia para explorar e anda até a cerca que separa os judeus ali presos do mundo externo. É lá que conhece o menino do título, com a mesma idade que ele, mas sem a alegria de viver. Para o pequeno judeu não há brincadeira, bola nem comida.

O filme escrito e dirigido pelo inglês Mark Herman, baseado no livro de John Boyne, tem todos os elementos-chave que um drama do holocausto pede. É emotivo. Trata do tema mostrando as atrocidades cometidas naqueles dias e o sofrimento imposto. E ainda expõe como jovens arianos eram convertidos ao nazismo.

O fato do protagonista ser um menino, que é o grande diferencial da história contra os concorrentes que também já trataram o tema, acaba parecendo muito mais uma jogada de marketing. As saídas encontradas pelo cineasta deixam tudo com um jeito de comercial piegas, daqueles que usam crianças ou animais para comover o público, sem mostrar a que realmente veio. Não à toa, todo o filme é falado em inglês (com sotaque britânico), mais uma prova da sua veia comercial.

Sem confiar na inteligência do público, o diretor pega a audiência na mão em vários momentos, iluminando com neon o caminho que está criando para o seu filme. O inexperiente Asa também não ajuda muito com seu jeito robótico de atuar. E apesar do desfecho, o longa-metragem não consegue sair do lugar-comum. Começa a parecer que o maniqueísmo do tema está chegando perto do seu saturamento. Não dá para apagarmos o nazismo da história da humanidade. Mas podemos selecionar melhor as histórias que queremos contar.