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Monstros vs. Alienígenas

O 3-D é mesmo o futuro do cinema?

02.04.2009, às 18H00.
Atualizada em 03.11.2016, ÀS 10H04

Jeffrey Katzenberg, presidente da DreamWorks Animation, não poupou esforços para alardear Monstros vs. Alienígenas (Monsters vs. Aliens), a primeira animação computadorizada do estúdio a ser exibida em 3-D, como o futuro da linguagem cinematográfica.

Monsters vs. Aliens

Monsters vs. Aliens

Monsters vs. Aliens

Na visão do executivo, só mesmo um espetáculo imersivo para tirar o público de casa, suas televisões LCD gigantes, sofás confortáveis, som surround e pipoca com preço de pipoca. Por um lado, ele tem razão - o 3-D estereoscópico (pra ver com óculos especiais) só tem graça mesmo nas telonas. Por outro, não há tecnologia alguma que salve um filme cuja história e personagens não tenham sido suficientemente elaborados. Acontece que Katzenberg não é bobo - e também sabe disso. Apesar de Monstros vs. Alienígenas usar e abusar dos efeitos visuais, é no carisma de seus protagonistas que a trama se sustenta.

A aventura cômica resgata o cinema de horror dos anos 1950, recriando personagens clássicos dos chamados "Filmes B" como heróis de ação. O Monstro da Lagoa Negra (Creature from the Black Lagoon, 1954) virou Elo Perdido, uma criatura meio-macaco, meio-peixe dublada por Will Arnett. A Bolha Assassina (The Blob, 1958) tornou-se B.O.B., um ser gelatinoso descerebrado vivido por Seth Rogen (que nem se esforça para mudar a voz, o que é ótimo). A Mosca da Cabeça Branca (The Fly, 1958) - que a maioria conhece do remake A Mosca (The Fly, 1986) -, virou uma Barata. O Dr. Barata, na verdade, dublado por outro doutor, o House (Hugh Laurie). Completam a equipe um Godzilla-inseto chamado Insetossauro e a moça-gigante Susan Murphy (Reese Witherspoon), inspirada no filme O Ataque da Mulher de 15 Metros (Attack of the 50 Foot Woman, 1958). Não faltam referências ainda a outras monstruosidades do cinema, como A Múmia, O Lobisomem, O Homem Invisível...

Na trama, quando um ataque alienígena em larga escala ameaça o planeta, o governo norte-americano recorre a um setor militar secretíssimo. Comandada pelo General W.R. Monger (voz de Kiefer "Jack Bauer" Sutherland), a área secreta reúne monstros diversos em prol da segurança nacional.

A produção segue à risca a receita de sucesso das animações recentes. Mistura humor inteligente, uma pitada de besteirol e ação empolgante. No mix, inclui ainda uma sátira política divertida, escancarada pela presença do incensado comediante Stephen Colbert, em brilhante participação como o presidente dos Estados Unidos.

Fica a ressalva, porém, à falta de ousadia narrativa. O filme é seguro demais, joga limpo, dentro das regras. Falta a ele a veia contestadora dos longas da Pixar ou mesmo a inovação artística de outras produções da casa, como Kung Fu Panda. Há uma lição de vida obrigatória ali, mas é um tanto maçante. Ainda que o roteiro não tenha sido esquecido, é óbvio que o foco ficou mesmo nos efeitos 3-D - que, vale dizer, são incríveis mesmo.

De qualquer maneira, fica espaço de sobra para inovar no próximo. Sim, porque mais do que bons personagens, história na média e efeitos inovadores, Monstros vs. Alienígenas um filme extremamente bem-sucedido em criar um universo. E, você sabe, a palavra "universo" em Hollywood é sinônimo para "franquia", portanto, espere novos monstros em breve nas telonas...

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