Alguns filmes, na sua ingenuidade, acabam ganhando os espectadores e se tornando "fofos", como diriam as devoradoras de comédias românticas. Outros, na tentativa de serem "fofos", acabam se tornando uma enorme desgraça para quem gosta de um filme minimamente decente. Minha Mãe Quer Que Eu Case (Because I Said So, 2007) preenche todos os itens da segunda opção e ainda pega emprestado defeitos dos outros.
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Aos homens resta no máximo o meio segundo em que Mandy Moore, Lauren Graham e Piper Perabo aparecem de lingerie, mesmo que para isso tenham que vislumbrar também uma envelhecida Diane Keaton, que na cena (e no filme) fala muito, pensa pouco e só atrapalha. Às mulheres, bom, peço desculpas por ser tão sincero, mas nada resta. Até o gostinho da previsibilidade, do final feliz, chega à boca meio azedo.
As três belas atrizes que, não sei se já mencionei o fato, eventualmente aparecem de calcinha e soutien na tela, interpretam as filhas da veterana Diane Keaton, que poderia ter jogado a pá de cal na sua carreira, se não tivesse ainda um pouco de crédito na praça. Sua personagem, a mãe solteira controladora que conseguiu criar três bem-sucedidas mulheres, é tão caricata quanto... um personagem de filme da Xuxa! Pronto, falei! Keaton faz caras e bocas, corre com o bracinho pra cima, se esconde atrás de sofá, dá escândalo na casa de massagem, enfia a cara no bolo... Um horror!
Quem mais sofre é Milly (Mandy Moore), a única que ainda não se casou. Na tentativa de ajudá-la a "desencalhar", a mãe resolve colocar um anúncio em um site de encontros. Mouse e teclado na mão, lá vai ela atrás do príncipe encantado que nunca teve. Achar o candidato perfeito não é tarefa fácil, mas ao fim do dia, ela fica satisfeita com o arquiteto burguês Jason (Tom Everett Scott), o que desaponta Johnny (Gabriel Macht), o músico galã. Com a formação do triângulo amoroso, já está completa a fórmula das comédias românticas, que exigem algum risco para o casal ficar junto no final - não que alguém tenha dúvida de que ele será feliz.
Toda esta previsibilidade, somados à tonelada de clichês, atuações exageradas e piadas completamente sem graça fazem de Minha Mãe Quer Que Eu Case uma das piores criações do gênero mais difícil de errar no cinema atual.