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Entrevista

Kondzilla diz que Escola de Quebrada quebra estereótipos: “Retrata diversidade”

Comédia adolescente do Paramount+ marca estreia de empresário como produtor de longas

5 min de leitura
GD
08.03.2023, às 15H44.
Atualizada em 08.03.2023, ÀS 16H18

Créditos da imagem: Divulgação

Comédia ambientada em uma instituição pública de ensino na Zona Leste de São Paulo, Escola de Quebrada traz jovens sendo jovens, tentando se encaixar e lidando com as primeiras desventuras amorosas. Segundo o produtor do longa, Konrad Dantas - mais conhecido como Kondzilla -, o filme recém-lançado no Paramount+ e voltado para o público adolescente é a oportunidade de mostrar mais uma face da periferia da capital paulista.

A gente procurou trazer uma narrativa um pouco mais leve, conseguindo entregar mensagens urgentes, importantes, mas fugindo daquele estereótipo de que todo mundo da periferia está passando uma extrema dificuldade, que o pai abandonou a família, que a família é desestruturada. Com isso, não estou dizendo que não existam essas dificuldades. Mas eu, como um produtor audiovisual que retrata as periferias da quarta maior cidade do mundo, também sinto necessidade de representar outras camadas”, explica, em conversa com o Omelete.

A história, inspirada na série Todo Mundo Odeia o Chris, é uma criação de Kaique Alves, que dirige o filme ao lado de Thiago Eva. A trama, assinada pelos roteiristas Natália Balbino, Tico Fernandez e Fernanda Leite, conta a história de Luan (Mauricio Sasi), que almeja fazer parte de um grupo respeitado no colégio para atrair a atenção de Camila (Laura Castro). Os amigos Rayane (Bea Oliveira) e David (Lucas Righi) tentam ajudá-lo na missão, que não é tão fácil quanto parece.

O filme retrata esse universo com uma linguagem ágil, colorida e descolada, e afirma que “ser da quebrada é uma filosofia”. “A gente não quer acabar com a favela porque a favela é uma cultura. A gente quer acabar com a pobreza. Aí, dentro do entretenimento, a gente tenta trazer um pouco mais de alegria retratando essa diversidade de periferias que a gente tem no nosso território. Apesar de hoje não ser mais um morador de favela, eu me sinto representante da favela, tento trazer a favela dentro de todas as produções em que estou envolvido”, afirma o produtor, cria da Vila Santo Antônio, no Guarujá, litoral de São Paulo.

O produtor lembra, com orgulho, quando ouviu do rapper Emicida (“uma referência pra minha vida”) que ele dava cara para as pessoas da quebrada dentro do entretenimento. “Não estou falando que sou o único, mas eu sei o trabalho, a importância e o peso que a Kondzilla [produtora que leva seu nome] tem em registrar e construir essa imagem da periferia de São Paulo”, analisa.

E seu compromisso, garante, é com a qualidade. “A nossa filosofia é: não é porque a gente é de favela que a gente tem que consumir conteúdo ruim. Eu filmo videoclipe de funk com câmera de cinema desde 2014, já tem quase dez anos. Estou sempre procurando trazer uma estética mais próxima do high level [alto nível] pro jovem de periferia”, conta.

Vocação desde a adolescência

Ao puxar pela memória a própria experiência como estudante, Kondzilla se dá conta de que sua vocação para trabalhar na indústria de entretenimento já se manifestava desde esse período.

Eu era um pouco popular porque eu queria cantar rap, me vestia diferente, tipo os caras do rap. E eu andava de bicicleta, tinha umas bicicletas muito maneiras, que a galera gostava. Na escola particular, eu era mais bagunceiro e, quando fui estudar em escola pública, era um pouco mais centrado, voltado pro entretenimento. Algumas apresentações da disciplina de Artes eram de músicas e eu tentava liderar aquele time, que é o que eu faço hoje na minha vida. Olha só, já tentava fazer isso de alguma forma”, lembra.

Seu lado geek, ele diz, não era tanto pelo videogame, como Luan e David, mas girava em torno de seu interesse pelo computador (“informática, como se falava antigamente”). Mas o produtor também se identifica com Rayane, personagem que tenta descobrir como transformar o grêmio estudantil em uma realidade.

Nunca liderei um grêmio, mas a experiência de liderar uma apresentação artística tem um pouco desse perfil de empreender, não no sentido econômico, mas de tirar uma ideia do papel. Pra isso, tem que colocar a ideia no papel, convencer aquelas pessoas a fazer o que você quer porque elas querem. Essa é uma habilidade que desde a minha adolescência venho desenvolvendo”, diz.

Nome forte no cenário musical brasileiro, o empresário que gerencia a carreira de artistas de peso do funk vem expandindo cada vez mais suas áreas de atuação no audiovisual. Além da primeira experiência como produtor de um longa-metragem de ficção, com Escola de Quebrada, em breve Kondzilla também poderá ostentar o título de apresentador. No próximo dia 13, ele estreia à frente do programa “Papo de Segunda”, do GNT, ao lado de Manoel Soares (também estreante), João Vicente de Castro e Chico Bosco.

A essa altura da carreira, um novo desafio como esse ainda o deixa nervoso? “A gente está preparado para tudo. Toda vez que ameaça dar um friozinho na barriga, lembro de todos os outros projetos que eu fiz sem saber fazer, aprendi no meio do caminho, desde o DVD do Charlie Brown Jr. que eu dirigi em 2011. Eu nunca tinha nem assistido a um DVD, nunca tinha ido a uma gravação de DVD e já peguei um para dirigir”, afirma.

Foi assim também no primeiro videoclipe que gravou, no primeiro filme publicitário que dirigiu, no primeiro projeto de ficção - Sintonia, série de sucesso na Netflix, que ele criou. “Acho que, como apresentador, não é diferente. A gente que vem de periferia tá acostumado a arregaçar as mangas e cair pra dentro. Não ter feito essas formações mais tradicionais me dá um pouco dessa liberdade. Eu não tive ninguém para me orientar sobre o que ia dar errado, então na minha cabeça tudo pode dar certo”, conclui.