Sinônimo vivo da expressão "cinema de autor", o diretor suíço Jean-Luc Godard é o nome mais cotado no 71º Festival de Cannes a sair com o prêmio de melhor documetário, o troféu L'Oeil d'Or, com seu novo filme Le Livre d'Image. Mas nem por isso ele se animou a vir ao balneário.
Aos 87 anos, o responsável por cults como Acossado (1960) anunciou nesta sexta-feira (11) que participará apenas via Facetime de uma coletiva de imprensa para falar de um um dos assuntos mais polêmicos de seu longa-metragem: a representação do Estado Islâmico na mídia.
Com cerca de 1h25 de duração, Le Livre d'Image é um experimento documental que brinca com imagens de arquivo variadas - desde telejornais até cenas de Tubarão, de Steven Spielberg -, associando-as a reflexões filosóficas sobre dominação. Ouviu-se uma sinfonia de roncos em sua sessão para a críticas. Mas também se ouviam aplausos a cada tirada irônica dele contra o imperialismo americano.
Desde 2010, quando lançou em Cannes o longa Filme Socialismo, Godard tem a mania de faltar ao festival, alegando desculpas esdrúxulas, como "a crise econômica da Grécia me impede de participar". É a primeira vez que um concorrente à Palma da Croisette dará uma entrevista por meios digitais ao público do evento, que exige a presença dos diretores. Uma cena de um dos filmes de Godard, Pierrot Le Fou - O Demônio das 11 Horas, foi usada como o cartaz oficial de Cannes.
Neste sábado, nas seleções fora de concurso, o evento francês confere o esperado O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues. Antes, a cidade vai ouvir o diretor inglês Christopher Nolan (Dunkirk) falar sobre seu processo criativo e explicar sua participação no processo de remasterização de 2001 - Uma Odisseia no Espaço. O festival chega ao fim no dia 19.