"O filme está provocando um confronto e é provável que leve a uma guerra", disse na semana passada o adido cultural iraniano em Moscou, Mehdi Imanipour, em uma conferência para a imprensa, sobre o filme 300.
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O comentário reforçou a posição do Irã contra o filme, dirigido por Zack Snyder e baseado nos quadrinhos de Frank Miller. Desde a estréia, autoridades iranianas vêm dizendo que 300 desrespeita a história do país - o Império Persa, vilão do filme passado em 480 a.C., é o atual Irã.
Em março, um assessor do presidente Mahmoud Ahmadinejad acusou a produção de iniciar uma "guerra psicológica" dos EUA contra o Irã, "ao saquear o passado histórico do país e insultar sua civilização". Uma das reclamações era o caráter afeminado do rei Xerxes, papel de Rodrigo Santoro. O filme certamente não passará nos cinemas iranianos, e o assessor pediu que ele fosse tirado de cartaz de todos os cinemas do mundo.
Se a proposta de guerra soa exagerada, pelo menos no momento o governo iraniano está pensando em dar uma resposta na mesma moeda.
O Centro para o Cinema Documental e Experimental do país está preparando um documentário, com reencenações e animações, sobre a história do antigo Império Persa, retratando não só a batalha de Termópilas (tema de 300), mas também a de Salamina, a de Maratona e outras, como a invasão do império por Alexandre, o Grande. Retratando o lado persa, é claro.
O relacionamento entre EUA e Irã sempre foi tenso, e vem ficando mais perigoso desde a instauração da política bélica mais ferrenha do primeiro e o investimento do segundo no desenvolvimento de sua própria bomba atômica.