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Incêndio na Cinemateca destruiu memória de política pública cultural, diz Calil

Ex-diretor declarou que "toda memória da cultura brasileira" pode ter se perdido

CC
30.07.2021, às 09H37.
Atualizada em 30.07.2021, ÀS 10H07

Créditos da imagem: Reprodução

O incêndio em um galpão da Cinemateca de São Paulo, na noite de ontem (29), destruiu mais de quatro toneladas de documentos que registravam a história do apoio governamental à cultura. A avaliação é de Carlos Augusto Calil, ex-diretor da Cinemateca, em entrevista à CNN Brasil.

"Muito provavelmente perdemos toda a memória da atuação pública, do governo federal, na área de cinema desde 1967, quando houve a criação do Instituto Nacional do Cinema. Depois, esse instituto foi substituído pela Embrafilme, [mais tarde] pelo Conselho Nacional do Cinema, que depois foram extintos pelo governo Collor, e foi criada uma Secretaria Nacional do Audiovisual", explicou ele.

Calil ainda disse que é possível que o incêndio tenha destruído equipamentos antigos e rolos de filme da coleção da Pandora Filmes, distribuidora paulistana com mais de 20 anos de atuação no mercado. Ele avaliou os efeitos do incêndio como desastrosos.

"Não tem mais memória da política pública de cinema do Brasil. Como essa política pública está desativada neste momento pelo atual governo, as coisas meio que combinam, no sentido de que o passado foi simplesmente eliminado, e o presente não existe”, refletiu.

Atuação dos bombeiros

Na manhã de hoje (30), o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo comunicou no Twitter os próximos passos no caso da Cinemateca.

A instituição disse que "abriu um procedimento de fiscalização com intuito de confirmação dos dados no sistema e aplicação das medidas contra incêndios", e que ainda fará uma vistoria de fiscalização no local.

Sucateamento

A Cinemateca é um órgão responsável por preservar a memória do audiovisual no Brasil desde 1940. Apesar de estar localizado em São Paulo, a gestão dela é de responsabilidade do governo federal.

Desde dezembro de 2019, ela está sem contrato formal de gerenciamento, obrigação da Secretaria Especial da Cultura do Governo Federal. Em janeiro de 2021, a Sociedade de Amigos da Cinemateca assumiu o gerenciamento do local até que uma empresa seja contratada.

Em 2018, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, também pegou fogo e teve uma perda enorme em seu acervo. Segundo peritos, o fogo teve início devido a um mau funcionamento em um dos ares-condicionados do prédio.

Durante o Festival de Cannes deste ano, o cineasta Kleber Mendonça Filho falou sobre o estado da Cinemateca. Foi em resposta ao comentário do cineasta brasileiro que o diretor Spike Lee ainda teceu críticas ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

"A Cinemateca Brasileira está fechada há mais de um ano. 90 mil títulos, 230 mil rolos de filmes e fitas televisivas, todos os técnicos e especialistas foram demitidos e essa é uma clara demonstração do desprezo pela cultura e pelo cinema. E eu acho que devo mencionar isso porque estamos no Festival de Cannes e todos amamos o cinema aqui".