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Festival de Cannes | Não penso na minha história quando faço um filme, diz Polanski

Diretor apresenta seu novo suspense, D'Après Une Histoire Vraie, e fala ao Omelete

27.05.2017, às 13H40.
Atualizada em 27.05.2017, ÀS 14H00

Decepção é a palavra para definir o cardápio de encerramento do Festival de Cannes nas horas finais de sua septagésima edição, que termina amanhã. Depois de um banho de água fria em quem esperava uma experiência autoral de risco da escocesa Lynne Ramsay em seu You Were Never Really Here, o último - e pior - dos 19 concorrentes à Palma de Ouro deste ano, os ânimos dos críticos foram esfriados pelo novo filme de Roman Polanski, D'Après Une Histoire Vraie. Nunca se viu uma Eva Green tão caricata quanto nesse esboço de suspense.

"Este filme vem de um romance homônimo de Delphine De Vigan que me interessou muito por me oferecer a chance de expor a tensão entre duas mulheres. Quase sempre, na minha obra, o conflito era entre homens ou entre um homem e uma mulher", diz Polanski, que em resposta ao Omelete falou da importância da ajuda do diretor Olivier Assayas (de Personal Shopper). "Odeio ver filmes baseados em livros de que gosto nos quais os diretores mudam a trama e excluem personagens importantes. Olivier me ajudou a adaptar a prosa de Delphine sem descaracterizá-la."

Sob a direção preguiçosa do artesão responsável por O Bebê de Rosemary (1968), Eva Green é uma ghost writer que se instala na casa (e na vida) de uma romancista de sucesso (Emmanuelle Seigner, a mulher de Polanski) como um encosto, e vai, dia a dia, atrapalhando a rotina de sua anfitriã.

"Existem elementos de manipulação nessa história que me evocam meu filme de estreia [Faca n'Água], sobretudo a questão da ambiguidade", diz o diretor, premiado com a Palma de Cannes por O Pianista (2002). "Não penso na minha história pessoal quando desenvolvo um filme, apenas no que tenho para filmar."

Neste domingo, o time de jurados presidido por Pedro Almodóvar anuncia quem leva a Palma de Ouro e os demais prêmios. Nos últimos minutos, o filme alemão In The Fade, com uma memorável atuação de Diane Krueger numa trama sobre uma viúva em busca de vingança, disparou como favorito. Mas há um boca a boca ardoroso em prol do sueco The Square e do francês 120 Batimentos Por Minuto. Robert Pattinson é o favorito ao prêmio de melhor ator por Good Time e Sofia Coppola a mais cotada à láurea de direção por O Estranho Que Nós Amamos.