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EXCLUSIVO: Visita ao set de Superman - O retorno na Austrália - Parte 1

EXCLUSIVO: Visita ao set de Superman - O retorno na Austrália - Parte 1

ÉB
21.06.2006, às 00H00.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 08H06

O herói voa para impedir o
desastre do avião

Bryan Singer no set do trenzinho

Kevin Spacey e Parker Posey
no set do trenzinho

Super-Homem e os cristais cinzentos

Kevin Spacey e Parker Posey
no set do navio

O detalhado interior do
jornal Planeta Diário

Lex Luthor (Kevin Spacey)

Bryan Singer dirigindo

No início do ano, quando publicamos nossa prévia à visita ao set de Superman - O retorno (leia aqui), dissemos que a série de artigos completa seria publicada mais próxima ao lançamento do filme. Pois finalmente chegou a hora! Começa agora a tarefa de transcrever a mais longínqua missão da cozinha omelética!

A convite da Warner Bros. fomos até a distante Sydney, Austrália, para juntar-nos aos demais jornalistas de alguns dos maiores sites de cinema do mundo. O destino inicial da visita: o lendário Fox Studios Australia, local do qual saíram filmes como Moulin Rouge, Star Wars e a trilogia Matrix.

Num dia frio mas agradável de fim de inverno, fomos recepcionados pelo talentoso Guy Dyas (X-Men 2, Irmãos Grimm), designer de produção do filme, em sua segunda colaboração com o diretor Bryan Singer. Após uma rápida apresentação, ele nos levou através dos enormes galpões até seu escritório. No caminho, pudemos ver um helicóptero, pedaços de um avião, a fachada do Planeta Diário e outros elementos cenográficos já usados pela equipe e que estavam sendo embalados. Tudo marcado com o título Red Sun (Sol Vermelho), nome de trabalho do longa-metragem para despistar curiosos.

Ao chegarmos à sala do desenhista, um choque: imagens e mais imagens - artes conceituais, fotos de referência e storyboards - cobriam as paredes de cima a baixo e daria para passar horas descrevendo cada painel ali exposto. Eram desenhos de um avião futurista em pleno vôo carregando um ônibus espacial, a mesma aeronave em chamas - caindo sobre um estádio de futebol -, cenas na fazenda Kent, um míssil de kryptonita, assaltantes fortemente armados roubando um banco, a nave espacial do Super-Homem e a mansão de alguém chamada Gertrude. Tal personagem ainda não apareceu em clipes, descrições ou trailers, mas será aparentemente muito próxima a Lex Luthor (Kevin Spacey). É dessa mulher, uma senhora idosa, viúva enferma, o luxuosíssimo iate que Luthor utilizará na aventura. Modelos do barco e cenas dele navegando e sendo destroçado por cristais também apareciam penduradas na parede.

Como já discutimos no artigo do início do ano, dezenas de ilustrações de Alex Ross também preenchiam o escritório. Segundo Dyas, o desenhista de Superman: Paz na Terra e O reino do amanhã foi uma grande inspiração para a parte heroística do filme.

Depois de mostrar-nos uma seleção de fotos em seu computador - a maioria dos cenários da fazenda Kent, em Tamworth (um dos lugares com o céu mais bonito do mundo, nos disseram), e do edifício Planeta Diário e seus interiores Art Déco - Dyas seguiu conosco para uma visita aos sets que ainda estavam sendo empregados nas filmagens.

Os sets

O primeiro deles era minúsculo. Numa apertada salinha de teto baixo, apinhada de tranqueiras, estava a mãe de todos os trenzinhos. Era uma enorme maquete, completa com milhares de detalhes ínfimos e referências ao mundo dos quadrinhos, filmes antigos de Singer e muito mais. Pelo que pudemos entender, Lex Luthor a utiliza no filme para planejar um ataque à cidade de Metrópolis. Ela já foi muito bonita. Agora, como vocês podem ver, está totalmente destruída, comentou o designer. De fato, enormes cristais negros - iguais aos do filme de 1978, porém escurecidos, carbonizados - irrompem do solo, detonando prédios e destruindo rodovias. Tal maquete aparece brevemente em um dos diários de produção do filme. Comandando a festa, Luthor e sua namorada, Kitty Kowalski (Parker Posey).

Na seqüência, visitamos os mesmos cristais cinzentos, mas agora em escala real. Mas não havia muito para ver ali, a não ser uma pequena cratera entre as formações geológicas. Não posso dizer o que é isso, mas só que alguma coisa vai aterrissar nesse lugar - e não está feliz, explicou Dyas. A explicação para o buraco chegou recentemente, no novo trailer do filme. Nele, o Super-Homem (Brandon Routh) aparece aterrissando exatamente ali, em pé, com grande fúria. O que será que o Sr. Luthor aprontou?

Por falar em Lex, dois dos próximos sets são dedicados a ele e Gertrude Vanderworth (Noel Neill, a Lois Lane de Adventures of Superman de 1952!), a tal milionária comentada acima. Vimos não só a mansão da abastada senhora, mas também caminhamos pelo deck do iate The Gertrude, completo com banheira de hidromassagem e sala de ginástica, cenário no qual uma festinha obviamente acontecia. O fabuloso navio é emprestado pela magnata para que Lex faça uma expedição até a Antártida - importantíssima à trama. Se alguém aí gritou Fortaleza da Solidão, acertou. Outro dos sets é justamente o interior da embarcação - uma biblioteca com grandes sofás, dois níveis, mosaicos com temas náuticos e objetos exóticos de decoração, tudo acima de um fundo de vidro, para que os passageiros possam ver o fundo do mar enquanto navegam (um tanque d´água estava ali para criar os reflexos).

Foi nesse exato local que a tão falada magia do cinema explodiu em meu rosto. Como fomos autorizados a circular sem retrições por ele (a experiência pediria um artigo à parte) foi fantástico vivenciar como o olhar, mesmo ali na locação real e não do outro lado de uma tela, pode ser enganado pelos cenários. Madeira nobre que é fria ao toque - é alumínio pintado. Cristal luxuoso com sensação de plástico barato, livros falsos, perspectivas enganosas. Tudo é criado para ter o menor custo possível e ao mesmo tempo aproximar-se da realidade - ou quase transcendê-la. Fantástico!

Dyas comentou também que sua equipe produziu desde placas de rua a caixas de cereal e outdoors, tudo para que o longa seja o mais original possível - e não corra qualquer risco de processo de fabricantes e anunciantes. Mas os detalhes mais importantes não são exatamente originais. São as recriações dos elementos já entranhados na cultura pop, criados por John Barry para os filmes da década de 1970 e 1980. Por exemplo, a Fortaleza da Solidão. Não dava pra reimaginá-la. A história de Bryan se baseia fortemente na crença de que as pessoas já sabem o que a Fortaleza é, portanto, a mantivemos como era. As liberdades que tive foram mais com o Planeta Diário, que fizemos do zero, com uma história forte por trás. Tem até as listinhas de ramais coladas nos telefones.

Outra novidade foi a superfície de Krypton pós-explosão. Em sua viagem em busca de suas raízes, Kal-El encontrará os destroços de seu planeta-natal. O set acompanha as criações dos filmes anteriores, com as formações de cristais, mas as transforma em um cenário extremamente árido. Já a nave do herói sofreu mudanças profundas. O exterior segue como o original, mas o interior foi totalmente reformulado. Que me perdoem os designers de Superman, mas aquilo era feio demais, explica o constrangido Dyas. Não é mais uma bola com espinhos, é agora uma espécie de semente estruturada com inteligência artificial.

O designer garante também que tamanho esmero com os detalhes (incluindo aí diversas homenagens ao folclore da DC) foi uma necessidade da nova técnica de filmagem. As novas câmeras digitais que Singer e o diretor de fotografia Tom Siegel usaram para rodá-lo são tão perfeitas que captam qualquer imperfeição, portanto, é necessário tornar o set o mais realista possível para um bom resultado.

Mas a noite se aproximava e o pessoal da Warner apareceu para nos levar para a segunda parte da visita: as filmagens que estavam em curso no Museu Australiano.

As filmagens

Após uma breve viagem de ônibus chegamos ao local. Curiosamente, ele serviu apenas como o interior do Museu de Metrópolis, já que a fachada é a de outro marco turístico da cidade, o New South Wales Museum. Aliás, mesmo este prédio sofreu mudanças. Utilizando computação gráfica, a equipe transportou o edifício até outro ponto de Sydney - um belo calçadão central no qual ficam as lojas mais caras da cidade.

Dentro do museu, que só podia ser utilizado à noite, depois de fechar suas portas ao público, a movimentação era intensa. Pessoas corriam de um lado para o outro carregando equipamentos, trilhos e aparelhos diversos. Nenhum rosto conhecido, porém. Enquanto a equipe preparava-se para uma longa noite de trabalho, fomos levados até uma sala na qual havia uma exposição de cultura aborígene para crianças. Era uma ala grande, cheia de pinturas e uma gruta falsa, com pinturas rupestres. Ali havia uma longa mesa - provavelmente utilizada pela molecada visitante para pinturas ou coisas do tipo - ao lado de um verdadeiro tanque de refrigerantes e guloseimas que serviu como nossa base pelas próximas horas. Foi ali também que o desgaste decorrente da longa viagem e a diferença de 12 horas do fuso-horário realmente bateu. Os intervalos entre as entrevistas que se seguiram começaram animados - cheios de bate-papo entre os jornalistas - e terminaram quase em silêncio, com todos exaustos. Nessa primeira noite conversamos com os roteiristas Michael Dougherty e Dan Harris, o produtor Gilbert Adler, o produtor executivo Chris Lee e o ator Kal Penn, que vive o capanga de Luthor, Stanford.

Quando as entrevistas terminaram, uma boa notícia: poderíamos assistir a uma cena sendo rodada.

De volta ao saguão, o cenário estava montado. A cadeira de diretor de Bryan Singer marcava seu posto de trabalho, em frente aos monitores que mostravam o que estava acontecendo na sala ao lado (ambas eram ligadas por um largo corredor). Pudemos ficar atrás das câmeras, ao lado de Singer, que apareceu na seqüência, vestindo moletom, boné e usando uma bengala, já que havia machucado o pé recentemente, numa cena na praia. Extremamente simpático, o diretor cumprimentou a todos e sentou-se para começar.

Pelos monitores vimos uma cena que começa com uma funcionária do museu sentada em sua mesa. Ao seu lado, uma caixa transparente de donativos, cheia de cédulas, na qual se lê Doação sugerida - 10 dólares. Ao fundo entram Lex e mais seis sujeitos - seus rostos sem aparecer. Close na fenda e a mão de Luthor jogando uma miserável moedinha de alguns centavos. Corta para a recepcionista que diz senhor, vamos fechar em 10 minutos, ao que Lex - vestindo peruca e uma elegante roupa de caçador, responde com desprezo: só vou precisar de cinco.

Quando a cena acabou, Kevin Spacey foi falar com Singer e, mostrando seu peculiar figurino e penteado, nos perguntou que tal estou?. Todos riram e alguém falou que ele estava a cara do Russell Crowe. Com a seqüência concluída ele tirou a peruca e vimos a vilanesca calva do personagem. Logo depois, a produção parou para um descanso e pudemos voltar ao hotel para enfrentar o fuso e tentar dormir algumas horas, antes do segundo - e igualmente longo - dia de entrevistas.

Continua.... fique de olho no ESPECIAL SUPERMAN - O RETORNO