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Exclusivo! O Omelete no set de 300 - Segunda parte

Visitamos as filmagens da adaptação da graphic novel de Frank Miller no Canadá

ÉB
28.01.2007, às 00H00.
Atualizada em 12.01.2017, ÀS 03H12

Continue agora com a visita do Omelete ao set de 300, adaptação da graphic novel de Frank Miller e Lynn Varley, em Montreal, Canadá. Leia aqui a parte 1.

A árvore dos mortos

A árvore dos mortos

7

Xerxes e sua guarda de elite, os Imortais

parede

A parede de corpos

3

A dança da Oráculo

Xerxes em seu trono

Xerxes em seu trono

Espartanos contra Imortais

Espartanos contra Imortais

1

Figurinos elaborados

4

A rica joalheria de Xerxes

6

Leônidas

Figurinos

O figurinista Michael Wilkinson (Babel, Superescola de heróis) mostrou-nos pessoalmente o seu departamento.

De todas as visitas, foi a menos interessante, já que todos os modelos estavam prontos, cobertos por grossos plásticos, e o espaço no local era mínimo. Bacana mesmo era o livrão com imagens das roupas, referências (recortes de livros de arte, exposições...) e amostras de tecido, a "Bíblia" do departamento, que ele nos mostrou, sempre comparando o resultado com uma edição da graphic novel (cada departamente tinha as suas!).

Tendo trabalhado em quase 700 roupas para o filme, Wilkinson destacou a criação do figurino de Xerxes (Rodrigo Santoro) - cuja joalheria foi extramente complicada - e sua expectativa para a dança da Oráculo. Para a bela jovem que faz as previsões que levarão - ou não - os espartanos à guerra, o departamento de Wilkinson criou uma roupa de um poliéster especial, que flutua na água como se fosse seda em gravidade zero. Para o efeito, a atriz dançou dentro de um tanque d´água! Os mais recentes trailers do filme têm uma breve amostra dessa bela e graciosa imagem.

"Foi um presente poder trabalhar num filme como este", disse Wilkinson. "O livro de Frank é tão inspirador. Ele tem uma enorme sensibilidade para figurinos e suas inspirações são várias - da Grécia antiga aos modelos mais modernos. Eu pude buscar fontes em diversas culturas, já que o exército de Xerxes é formado de guerreiros africanos e asiáticos... de várias tribos. Foi um pedação do mundo que pude explorar", contou Wilkinson.

"Também quisemos mostrar as enormes diferenças que separam os exércitos espartano e persa, então demos a cada um uma paleta de cores diferente. O exército da Grécia é cheio de tons quentes, ricos e terrosos, com um vibrante - e importante - vermelho nas capas. Mas o mais importante era mesmo mostrar seus corpos, porque eles são máquinas nascidas para o combate. Em contraste, o exército persa é todo coberto e misterioso, adornado com ouro e seda. É um outro extremo estético", completou.

Desenhos de produção

Encontrar Jim Bissell, o grandalhão veterano desenhista de produção, foi uma das melhores partes da visita. O responsável pelo visual de filmes como Boa noite e boa sorte (2005), Jumanji (1995), Aracnofobia (1990) e E.T. (1982), além de outras adaptações dos quadrinhos como Rocketeer (1991) e Denis, O Pimentinha (1993), foi extremamente solícito e paciente, acompanhando-nos durante mais de uma hora em seu departamento.

Um dos mais amplos espaços do estúdio, o departamento de arte de 300 ocupava diversas salas, nas quais dezenas de pessoas trabalhavam debruçadas sobre maquetes e plantas dos principais cenários do filme. Logo na entrada, estava um modelo em escala do desfiladeiro das Termópilas, completo com bonequinhos para que o cineasta e sua equipe pudessem planejar as tomadas do dia, e uma imagem da Árvore dos Mortos, outra novidade do filme inexistente nas HQs. Trata-se de uma árvore sem folhas, repleta de cadáveres pregados nela. Provavelmente obra dos persas.

Inicialmente, Bissell explicou que a maioria dos cenários do filme foi criada através de computação gráfica - uma estilização do visual da história em quadrinhos -, mas que alguns poucos pedaços tiveram que ser construídos fisicamente para que os atores tivessem algo para se relacionar, como parte do relevo rochoso das Termópilas. A entrada do desfiladeiro, por exemplo, foi a única construção externa, já que não caberia dentro do estúdio. Já as cenas de batalha foram rodadas em um pedaço de chão que foi reaproveitado inúmeras vezes. Seu perfil era rodado e os ângulos alterados conforme o cineasta queria dar a impressão de um novo lugar. Assim, o mesmo pedaço de espuma rígida, coberta com uma poeira cenográfica, serviu para quase todas as seqüências.

"Foi uma maneira diferente de trabalhar. Desenhamos Esparta, o Conselho, todos os terrenos, depois entregávamos essas artes para serem utilizadas como quadros-chave pelo pessoal de computação gráfica. O mínimo possível foi efetivamente construído", detalhou o designer.

"O visual dos sets partiu de rascunhos de Zack e das ilustrações da história em quadrinhos", continuou. "Aí criávamos modelos 3-D de tudo e fazíamos as simulações de ação, tudo ancorado nos nossos quadros-chave".

Para fazer com que atores e elementos reais se fundissem na tela e, ao mesmo tempo, recriar o estilo das cores de Lynn Varley na HQ, foi desenvolvido o processo chamado "The Crush" ("O achatamento", em português). Para quem domina programas de tratamento de imagem, a solução certamente parecerá bastante simples. Tudo o que os diretores de arte fizeram foi trabalhar os níveis e contraste das imagens capturadas, aumentando o contraste e reduzindo as cores sensivelmente, mantendo apenas os tons existentes na obra original. Bissell, ao lado do supervisor de efeitos Chris Watts (A noiva cadáver, Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban), chegou até a usar seu computador pessoal para aplicar os filtros criados para 300 numa das cenas, para que pudéssemos ver o processo em funcionamento.

Watts e Bissell apresentaram-nos também o primeiro vídeo criado do filme, uma pequena cena de batalha, que foi rodada e tratada por Snyder como um "aperitivo" para os executivos da Warner Bros. Foi com ela que o diretor conseguiu convencer o estúdio a dar o sinal verde para o filme. Depois, a dupla mostrou-nos as primeiras cenas concluídas do longa, juntamente com o primeiríssimo blog de produção, vídeo que seria duas semanas mais tarde divulgado no site oficial da adaptação.

Com os queixos caídos, feito zumbis no filme anterior do cineasta - éramos os primeiros fora daquele ambiente a ver tais cenas -, seguimos até um dos cenários construídos artesanalmente para uma das cenas que promete figurar entre as mais marcantes: a tenda de Xerxes, onde haverá uma orgia persa. O extravagante ambiente, colorido e recheado de figuras bizarras, estruturado por enormes pilares dourados (artistas pintavam os arabescos manualmente enquanto passeávamos sob a lona) espelha o gosto do Imperador-Deus pelo burlesco. É lá que estará o homem-bode da sala de criaturas, por exemplo. Ali ao lado, partes do imenso trono dourado, carregado por dezenas de escravos, que servirá de transporte a Xerxes durante seu encontro com Leônidas (Gerard Butler).

O set em ação

Na história do Omelete, dá pra contar nos dedos quantas cenas realmente legais vimos sendo filmadas. Geralmente as seqüências que acompanhamos são bastante maçantes - uma ou duas frases de diálogo, "corta!", começa tudo outra vez. Felizmente, há exceções e 300 é uma das mais memoráveis.

Durante nosso segundo dia de visita ao set, Snyder estava rodando um trecho do intenso quebra-pau entre espartanos e imortais. Num pequeno espaço, com a tela verde do chroma-key cobrindo todo o fundo, num canto do pedaço de chão que foi discutido acima, cinqüenta homens (dublês e astros) preparavam-se para uma seqüência de combate, ajudados por diversos auxiliares de produção e seus cintos repletos de trecos.

O diretor, carregando uma câmera no ombro, pediu atenção e logo gritou o tradicional "action". Ao comando do cineasta, 25 espartanos e 25 imortais totalmente paramentados gritaram e engalfinharam-se num coreografado balé de passos de luta. Gerard Butler, em primeiro plano, atravessava um oponente com sua lança enquanto arremessava outro longe com sua espada. Ao fundo, os demais se dedicavam a atividades semelhantes. Curiosamente, tudo muito limpo, já que sangue falso suja demais o set e atrasa o reinício das filmagens - aqui, até as nojeiras são digitais! Pra completar, havia até homens amarrados com arame, o famoso "wire-fu", que permitia que eles fossem jogados com segurança. Sem dúvida, a seqüência mais legal que já presenciamos sendo filmada!

A cena não durava mais que dez segundos e foi diversas vezes repetida, buscando a perfeição. Numa delas, a espada de Leônidas, de borracha, entortou, provocando risos da equipe e o sorriso amarelo do diretor. Enquanto tudo era aprontado para o próximo take, pudemos conferir um dos set mais legais do filme: a muralha de corpos que os espartanos constroem com a primeira leva de invasores persas. Permitiram até que mexessemos nos pedaços de corpos espalhados - com direito a fotografia em frente à massa de cadáveres segurando uma perna decepada.

Com isso, chegava ao fim a primeira parte da visita, que, depois de uma surreal refeição no set, ao lado de criaturas, astros e guerreiros (não jantamos no inferno, como a célebre frase de 300 de esparta, mas certamente almoçamos no paraíso!), levou-nos de volta à sala de reunião, onde entrevistamos, com exclusividade para a América Latina, Zack Snyder, todos os produtores do filme, Gerard Butler e, surpresa!, o próprio Frank Miller, que apareceu no set pela primeira vez e gentilmente aceitou conversar conosco.

Todas essas conversas você lerá aqui no Omelete na semana anterior ao lançamento do filme, no Especial 300 que estamos preparando. Até lá! Enquanto isso, confira nossas primeiras impressões sobre o épico. Leia aqui.