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Ex-informante do IRA protesta contra filme que conta sua história

Martin McGartland ameaçou piquetear contra Fifty Dead Men Walking no Festival de Toronto

EF
22.09.2008, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H40

Martin McGartland, ex-informante infiltrado no IRA, voltou a criticar a produção de Fifty Dead Men Walking, filme dirigido pela canadense Kari Skogland e inspirado em seu livro homônimo.

fifty dead men walking

A crítica surgiu após McGartland saber que ex-membros do IRA colaboraram com as filmagens dando dicas sobre como fazer bombas e torturar informantes. O ex-informante disse que Skogland não deveria negociar com o IRA para filmar em certas áreas de Belfast e jamais permitir que terroristas estivessem presentes durante as filmagens. McGartland também criticou o governo canadense por financiar o filme nestas condições.

Fifty Dead Men Walking é baseado no livro de Martin McGartland lançado em 1997, em que ele conta como foi recrutado pelo Royal Ulster Constabulary para infiltrar-se no IRA. O filme já havia enfrentado problemas com McGartland, que após ser exposto como informante recebeu uma nova identidade e foi viver na Inglaterra. O ex-informante e os produtores do filme discordaram quanto à exatidão da adaptação do livro, e algumas cenas foram alteradas como parte de um acordo entre os dois lados. Em uma das cenas, McGarland era mostrado levando um membro do IRA a um lugar onde o terrorista planta uma bomba. Na versão editada, McGartland não vê onde a bomba é colocada.

O acordo também envolveu o pagamento de 37.500 dólares ao ex-espião, que havia ameaçado deixar seu esconderijo e fazer um protesto durante a estréia do filme no Festival de Toronto. Outra cena com a qual McGartland discordou mostra a tortura de um informante do IRA. McGartland diz que a cena jamais aconteceu e a diretora defendeu a inclusão como parte de sua licença criativa. Kari Skogland disse que seu filme foi inspirado por uma história real, mas,uma boa parte foi inventada para suprir o enredo.

O acordo entre a produção e McGartland fechou uma rodada de meses de acusações e negociações iniciadas em maio, quando Fifty Dead Men Walking estava sendo negociado com os distribuidores durante o Festival de Veneza. A briga entre o ex-informante e a HandMade Films acabou afastando alguns distribuidores, que temiam ter nas mãos um produto barrado de exibição por uma ação judicial.

Solucionado o caso com McGartland, o filme voltou a enfrentar problemas durante a estréia no Festival de Toronto, quando a a atriz Rose McGowan declarou que teria se juntado ao IRA se vivesse em Belfast na época retratada no filme. Os produtores correram para garantir que os comentários de McGowan eram opiniões da atriz, cujo pai é irlandês mas foi criada na Itália. Em uma declaração oficial, os produtores e a diretora pediram desculpas pelo efeito dos comentários de McGowan sobre o povo da Irlanda do Norte e particularmente daqueles que foram vítimas diretas ou colaterais dos eventos ocorridos durante o período.

O objetivo da produção, segundo a diretora, foi apresentar um ponto de vista equilibrado e sem julgamento de modo que o público pudesse acompanhar o trabalho do informante independente das questões políticas. Guy Collins, presidente da HandMade Films International, produtora do filme, declarou-se surpreso e desapontado pelos comentários da atriz. Segundo o executivo, McGowan nunca havia expressado tais opiniões durante as filmagens. Collins também disse que o objetivo do roteiro é contar a história de um homem vista de ambos os lados do conflito.

A ação de Fifty Dead Men Walking acontece durante o The Troubles, período de cerca de 30 anos caracterizado pelos conflitos entre britânicos e irlandeses pela emancipação da Irlanda do Norte, até hoje anexada ao Reino Unido. O período foi encerrado por um acordo fechado em Belfast em 1998. Após a mudança para a Inglaterra, Martin McGarland teve sua identidade revelada quando foi processado por um acidente de trânsito. O ex-informante foi alvejado seis vezes por dois homens não identificados que invadiram sua casa em 1999. Apesar de acusado, o IRA negou a responsabilidade pelo caso.