Uma das histórias mais fortes e impactantes do século passado, o assassinato de Emmett Till foi um dos principais momentos da luta antirracista dos Estados Unidos. Com apenas 14 anos, Emmett foi submetido a um linchamento no Mississípi, em 1955. O motivo? Ele elogiou uma mulher branca em uma loja de conveniência. O jovem foi espancado, chicoteado e levou um tiro. O caso, que revoltou boa parte do mundo ocidental, foi tratado como apenas mais uma morte no estado americano e os culpados saíram impunes — mesmo tendo confessado o crime publicamente, anos depois do massacre.
Em 2022, o presidente dos EUA, Joe Biden, sancionou a lei Emmett Till, que torna linchamento um crime federal. No mesmo ano, a diretora Chinonye Chukwu trouxe essa história para a tela grande com Till — A Busca por Justiça. O longa é estrelado por grandes nomes do cinema negro como Whoopi Goldberg, Frankie Faison e Danielle Deadwyler, que interpreta a mãe de Emmett, Mamie Till-Mobley.
Em entrevista ao Omelete, Deadwyler revelou seu longo processo para interpretar a personagem e contou quais foram suas referências para o papel. “Foi bem diversificado e baseado em várias fontes. Começando pelo relato de memórias, Death of Innocence, que ela [Mamie] escreveu junto de Christopher Benson. E eu usei esse livro como uma bíblia. Os estúdios e os produtores me mandaram vários arquivos históricos com fotos e filmagens”, explica ela. “Escutei muitas músicas que ela e o filho gostavam. Também vi várias interpretações poéticas e visuais de Emmett e Mamie e li trabalhos acadêmicos”, continua.
Por mais que a história se passe em 1955, relatos de violência policial e racial contra pessoas negras não diminuíram. Por isso, a atriz também falou sobre os paralelos entre o longa e os dias atuais. “Esse é o ponto! Será que estamos distantes daquela época? Não, não estamos. As coisas mudaram um pouco? Sim, mas como Myrie Evers [ativista dos direitos humanos interpretada no filme por Jayme Lawson] disse em uma estreia: ‘ainda temos que mudar muita coisa, não chegamos tão longe assim’”.
E, assim como na história real, o filme não tem um final feliz. Como fica claro desde o início, o julgamento termina favorável à hegemonia branca do Mississípi e tudo o que nos resta é a esperança no fortalecimento do movimento negro dos Estados Unidos. “Entendemos a alegria como um encerramento, também como um começo para o filme. Mas acredito que vamos aprender que há outras coisas que podem acontecer além de ficar no luto e na melancolia”, reflete a protagonista.
Till - A Busca por Justiça estreou nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (9). O longa tem direção e roteiro de Chukwu e traz no elenco Deadwyler, Goldberg, Faison, Kevin Carroll, Sean Patrick Thomas e Jalyn Hall, como Emmet Till. Você pode conferir a entrevista completa no vídeo no topo da matéria.
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