Superman é um sucesso. Bem recebido pela crítica, pelas audiências, e com uma bilheteria confiável – as preocupações do primeiro fim de semana foram em parte anuladas pelos números altíssimos durante a semana, US$ 12 milhões na segunda e incríveis US$ 17 milhões na terça-feira –, James Gunn e Peter Safran podem finalmente falar, pela primeira vez em anos, do que vem depois do Homem de Aço.
Okay, é um exagero. Tivemos toda a filmagem de Supergirl, fotos do set de Lanternas, e Cara de Barro já está a caminho como o filme de terror DCU. Mas basta observar o marketing, e todo o posicionamento do DC Studios (para não dizer da Warner Bros.) para perceber como tudo isso estava no banco de reservas – a exceção à regra sendo Pacificador, visto que a série já volta mês que vem na HBO Max. O holofote, corretamente, estava em Superman, porque era lá que toda a pressão também estava. Agora, isso foi aliviado. O DCU como um todo está longe de ser um sucesso garantido, mas qualquer dúvida sobre o futuro dessa empreitada foi sanada – inclusive por David Zaslav. Finalmente podemos pensar no futuro.
E que futuro curioso. A escolha de Supergirl como segundo filme, de acordo com Gunn e Safran, foi feita puramente na base da qualidade – e só isso explica a decisão de colocar Cara de Barro, com um roteiro elogiado de Mike Flanagan (A Maldição da Residência Hill), na próxima posição da fila –, mas, depois de Superman, ela passou a ser também a escolha lógica. A razão disso tem nome e sobrenome: Milly Alcock. Não vamos linká-las aqui, mas o Twitter e Instagram estão repletos de fotos da tela do cinema tiradas durante a aparição de Alcock em Superman para celebrar o quão divertido foi o momento, e os autores de tais posts claramente figuram numa demográfica mais jovem. Veterana de A Casa do Dragão e Sereias, da Netflix, Alcock tem força na Geração Z, e agora a DC sentiu isso.
Afinal de contas, de que outra forma explicar o lançamento de um pôster de Supergirl que sequer tem o logo do filme, e foi visivelmente feito às pressas? O cartaz é ótimo porque transmite a energia de Kara Zor-El, uma adolescente que realmente é punk rock (desculpa, Clark), com a pichação dela em cima da frase do primo, mas essa arte não é algo que passou por rodada atrás de rodada de polimento e discussão no departamento de marketing e design do DC Studios. Gunn e Safran, junto com seus tenentes, viram a repercussão da Supergirl, e assim que o noticiário declarou que Superman havia passado de ano com um 7, apertaram o gatilho.
Na TV, Pacificador já tem uma audiência garantida entre fãs da DC de Gunn (e de John Cena), e contará com a Gangue da Justiça para contar uma história que, ao que tudo indica, será instrumental para entender a grande narrativa do Capítulo 1 do DCU, “Deuses e Monstros”. Ela colherá alguns frutos de Superman, mas quem realmente saiu ganhando do filme é Lanternas, que apesar de focar em Hal Jordan (Kyle Chandler) e John Stewart (Aaron Pierre), certamente incluirá o Guy Gardner de Nathan Fillion em seus materiais de divulgação para aproveitar a aprovação do personagem, que dos heróis coadjuvantes do filme do azulão só fica atrás do Senhor Incrível de Edi Gathegi. Aliás, apostaria uma pizza com você, caro leitor, que um projeto do Mr. Terrific será anunciado antes do fim do ano.
Cara de Barro segue sendo a aposta mais arriscada, mas mais no sentido de que é totalmente fora da curva. Nenhum dos quatro estúdios responsáveis por filmes de Marvel e DC nos últimos 25 anos tentou isso: um filme declaradamente de terror, com orçamento de US$ 40-50 milhões, e liberdade para focar no assustador. O custo relativamente baixo e o gênero – um dos mais confiáveis na hora de garantir bilheteria – ajudam a balancear os riscos do projeto.
Mas onde Superman realmente terá um impacto é no que ainda não foi anunciado. Com histórias de que um filme da Mulher-Maravilha ganhou tração, e Gunn constantemente sugerindo que a próxima aparição de David Corenswet não é num Superman 2 tradicional, os fãs já começaram a sonhar. Seria um filme da Trindade o próximo passo? Ou estamos mais para “só” Batman e Superman, em Os Melhores do Mundo? Ou vamos juntar a Super-Família com Clark e Kara?
Essa é a parte gostosa: a especulação. A ansiedade para ver o que Gunn tem planejado. Demorou, mas esse momento – tão querido por fãs quanto o lançamento dos filmes em si – finalmente chegou para o DC Studios.