Ontem, quinta-feira, estava marcada a apresentação de uma prévia especial de A Bússola de Ouro (The Golden Compass). O filme, como você sabe, só estréia em dezembro, e é mais uma tentativa de preencher o buraco deixado pela trilogia O Senhor dos Anéis, que nos deixou mal acostumados a passar o último mês do ano no cinema.
2
4
3
1
A exibição fazia parte de um grande evento da PlayArte, que distribui os filmes da New Line Cinema (não por acaso, o estúdio de O Senhor dos Anéis) no Brasil. Estavam presentes os chefes da empresa e engravatados da área de licenciamento, todos em busca de uma "oportunidade de negócio", como eles gostam de dizer.
Nós (éramos três Cozinheiros presentes: Ederli Fortunato, Érico Borgo e Marcelo Forlani) estávamos lá apenas para sentir um gostinho do que vem por aí. Conforme pedido, chegamos no horário. Mas com uma hora e meia de atraso, tivemos tempo de conversar sobre quase tudo. Um dos assuntos que mais intrigava era: por que mudar o título da obra, que já foi publicada por aqui como A Bússola Dourada? A resposta que conseguimos foi: porque algo de ouro é mais nobre do que algo dourado. É a diferença entre algo feito do material e algo que apenas partilha a mesma cor que ele. Até que a explicação foi razoável...
Mistério resolvido, falemos agora do que vimos por lá. Antes dos 15 minutos de A Bússola de Ouro, foram apresentados dois outros previews, Rendition (ainda sem título nacional) e InkHeart (que por aqui vai ficar Coração de Tinta). Rendition é a aposta do estúdio para o próximo Oscar e deve estrear por aqui no começo de 2008. O filme conta a história de um descendente de egípcio que entra no avião para voltar para casa, mas, por ser suspeito de terrorismo, nunca retorna ao seu lar. Estão no elenco Reese Witherspoon, Jake Gyllenhaal e Meryl Streep. Já Coração de Tinta, estrelado por Brendam Frasier, pareceu uma cópia de tudo o que já vimos várias vezes quando o assunto é fantasia. Talvez esteja sendo precipitado, mas em determinadao momento do promo eu vi um anel pendurado no pescoço, o ator Andy "Gollum" Serkis e uma trilha muito parecida com a que Howard Shore escreveu para O Senhor dos Anéis. Se é a primeira impressão a que fica, este vai ter que trabalhar em dobro para me pegar. A estréia no Brasil deve acontecer entre junho e julho do próximo ano.
Vimos ainda os trailers de Ensinando a Viver (Martian Child), Mandando Bala (Shoot'em Up), Em Pé de Guerra (Mr. Woodcock), Bratz - O Filme (Bratz), Hora do Rush 3 (Rush Hour 3), Minzy - A Chave do Universo (The Last Mimzy) e Hairspray - Em Busca da Fama (Hairspray).
Os 15 minutos de ouro
Ok, chega de enrolação. Vamos ao tal preview de A Bússola de Ouro. Os 15 minutos são, na verdade, uma versão anabolizada do trailer, um vídeo que constrói rapidamente o clima do universo criado por Philip Pullman no primeiro livro da trilogia, que se completa com A Faca Sutil e A Luneta Âmbar. Somos apresentados à jovem Lyra Belacqua (a estreante Dakota Blue Richards) e Pantalaimon, seu dimon - animal que neste mundo representa a alma de cada ser.
Um a um, vão aparecendo na tela os outros personagens. Daniel Craig é Lorde Asriel, tio de Lyra. Assim como seu James Bond, ele dá ao papel uma rispidez que obviamente não será sempre bem aceita pela menina. E por isso temos na história a Sra. Coulter (Nicole Kidman), cuja beleza esconde grandes segredos. Ela chega ganhando a atenção da menina, a ponto de levá-la para longe do seu tio, para receber uma melhor educação. Outra bela no elenco é Eva Green, que curiosamente também trabalhou no último filme da franquia 007. Desta vez, a linda francesa interpreta uma bruxa e voa por aí atirando com seu arco e flecha. Não menos armado está o aeronauta/cowboy Lee Scoresby (Sam Elliott). Na verdade, parece até que ele saiu galopando do set de Motoqueiro Fantasma para cá, de tão igual está o seu personagem.
Cada cena mostra a riqueza de detalhes dos cenários e figurinos que 150 milhões de dólares são capazes de produzir. Todos os animais criados por computação estão bastante realistas na forma como se movem e, no caso dos dimons, impressionam as suas transformações em outras criaturas.
Como foi a própria New Line que ajudou a trazer para as telonas a trilogia de J.R.R. Tolkien, dá para botar uma fé que, depois das fracas tentativas de Crônicas de Nárnia e Eragon, o bom velhinho finalmente pegou o nosso e-mail e teremos novamente com o que nos empolgarmos neste Natal.
Seguindo a Bússola em Londres
Por Érico Borgo
No início do mês estive em Londres para as entrevistas de Harry Potter e a Ordem da Fênix e Transformers, a convite da Warner Bros e Paramount Pictures, respectivamente. E a New Line Cinema acabou, sem querer, também fazendo parte da viagem.
Durante um passeio nas horas vagas, fui conhecer o mercado de rua de Notting Hill (aquele do filme com Hugh Grant) e, seguindo a recomendação do Marcelo Forlani, fui até o Holland Park, que ele descreveu como um dos mais bonitos de Londres. Realmente, o lugar é lindo, mas o que mais aproveitei do passeio foi um "esbarrão" com as filmagens de A Bússola de Ouro. É... não adianta, mesmo nos momentos de descontração a gente aqui acaba trabalhando!
Ao virar uma rua paralela ao parque, vi uma intensa movimentação de caminhões brancos, carregados de equipamento. Era dezenas deles, ocupando todos os espaços da rua estreita. Curioso, segui a trilha de veículos até encontrar um daqueles cartazes que a produção gosta de colar nos postes, avisando à população o que está acontecendo ali... eram as filmagens da A Bússola de Ouro.
A equipe preparava o que parecia uma cena noturna, já que enormes holofotes projetavam-se no céu em direção a uma pequena vila de casinhas, todas iguais. Lá dentro (como o trabalho era apenas de técnicos, sem atores, pude atravessar o lugar com cara de quem tinha negócios a tratar), muitos cestos, cordas e itens artesanais. Provavelmente eu estava no meio de um canto da vila dos gipcios, povo que a protagonista Lyra conhecerá no filme. Entre a bagunça, havia um enorme falcão e seu treinador e muitas, mas muitas árvores decorativas sendo descarregadas.
A escala da produção me assustou. Já estive em diversos sets, mas nunca tinha visto tantos caminhões e técnicos trabalhando ao mesmo tempo.
O filme parece que será realmente grande... aguardemos sua estréia.