Filmes

Crítica

Wiener-Dog | Crítica

Novo filme de Todd Solondz funciona como piada interna para público de festivais

24.01.2016, às 11H24.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Assistir a um filme em festival é realmente uma experiência diferente. Em mostras como Sundance  essa característica se acentua ainda mais, já que o público é formado principalmente por membros da indústria, formadores de opinião, ricos doadores e alguns cinéfilos que juntam o seu sacrificado dinheirinho para subir as montanhas de Utah.

Na sessão de Wiener-Dog esse ambiente se revelou ainda mais. A cada nome que aparecia nos créditos diferentes partes do Eccles Theatre em Park City se manifestavam. Durante o filme, algumas brincadeiras sobre a indústria ganhavam risos altos e palavras de aprovação ou rejeição -"Ah, não ele não disse isso", comenta alguém quando uma personagem faz piada com Larry David e chama Woody Allen de pedófilo.

E assim o filme do diretor e roteirista Todd Solondz fica com cara de piada interna. Alguns proclamam a sua genialidade, mas a sensação é a mesma da roupa nova do rei. Melhor concordar para não chatear vossa majestade (que estava presente na sessão).

Wiener-Dog tem alguns bons momentos de humor negro, mas no geral o apanhado de história sobre as aventuras de um cachorro salsichinha não vale o elenco que conseguiu reunir: Danny DeVito, Greta Gerwig, Kieran Culkin, Julie Delpy, Ellen Burstyn, entre outros. A opção pelo formato da antologia também não ajuda para que os personagens artificialmente conduzidos sejam dignos de simpatia.

Solondz filma com cadência de tira de jornal e exige um conhecimento prévio da sua carreira - "é preciso entender o seu tipo de humor", explicava outra pessoa na plateia. Ou seja, funciona em festivais, não tem lugar no mundo real.

Leia mais sobre Festival de Sundance

*Wiener-Dog fez parte da seleção Premieres do Festival de Sundance 2016. Paralelamente, o canal pago Sundance Channel terá na sua programação até 31 de janeiro o 10 Days of Sundance, com títulos que marcaram edições anteriores do festival, com exibições sempre às 23h.

Nota do Crítico
Regular