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O tema "casamento por encomenda" já foi explorado várias vezes no cinema, mas Você é tão bonito (Je vous trouve très beau, 2005) o trata de maneira inovadora. Especialmente porque, por não tratar-se de um filme dos Estados Unidos, ele não carrega a maioria das situações obrigatórias do gênero, que acabam tornando-o tão cansativo e previsível. Igualmente importante é que há muito pouco de romântico na comédia da diretora estreante Isabelle Mergault. A produção francesa opta pela sensibilidade em detrimento da sexualidade.
Não que a protagonista seja assexuada, longe disso. A romena Medeea Marinescu é um achado, mas está mais para uma Audrey Tautou, que cativa com um sorriso, que o "tipão" usual que encharca as telonas de tingimento loiro. É mesmo em seu par "romântico", Michel Blanc, que o filme escancara suas intenções.
O ator vive Aymé Pigrenet, um fazendeiro sessentão que vive no campo com sua esposa. Um dia, porém, ela morre vítima de um estúpido acidente doméstico. Aymé se desespera - não pela ausência da companheira, mas pela falta de alguém que cuide dele e da casa. Não dá pra passar o dia no trator e alimentar os coelhos ao mesmo tempo.
Quando a situação torna-se insustentável, o fazendeiro resolve aceitar uma sugestão: procura uma agência de matrimônios especializada em "importar" esposas da Romênia. No humilde país do Leste Europeu, belas jovens esperam a oportunidade de encontrar um marido francês para tirá-las dali. É lá que Aymé conhece a bela, espirituosa e inteligente Elena (Marinescu), com quem volta à França. Essa é justamente a melhor parte do filme, quando o fazendeiro turrão faz a viagem até a Romênia escondido da família, fingindo estar interessado numa feira agropecuária alemã. Mas o anúncio da viagem para a Alemanha traz consigo uma série de pedidos da família: salsichas, fotos, lembrancinhas. E lá vai Aymé tentando disfarçar Bucareste de Berlim...
Segue-se uma sucessão de situações moderadamente engraçadas e cativantes que culminam na esperada mudança de vida para todos os envolvidos. Esperadas, sim, porque é possível inovar uma comédia romântica, mas não extirpá-la de sua essência desejada pelo público, seja ele francês, estadunidense ou brasileiro.