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Velozes e Furiosos 6 | Crítica

Ainda Velozes, mas bem menos Furiosos

23.05.2013, às 16H20.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H47

Hollywood adora franquias, mas constantemente renega um de seus elementos fundamentais, a mitologia. Depois de dois ou três filmes é hora de se reinventar, de buscar reinícios visando maior abrangência de público. Afinal, quem vai lembrar de eventos passados se hoje em dia mal se retém o meme do dia?

velozes e furiosos

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Tal como seus protagonistas, dirigindo na contramão dessa tendência está a série Velozes & Furiosos. No sexto capítulo, nunca fizeram-se tantas menções a situações e personagens aos filmes anteriores do que neste. Para efetivamente apreciar o longa é necessário, sim, ter assistido aos demais.

A própria premissa é derivada imediata do Velozes & Furiosos original. Depois do bem-sucedido golpe no Rio de Janeiro, a gangue de Dominic Toretto (Vin Diesel) está espalhada pelo mundo, desfrutando de seus milhões. Mas eis que o seu caçador em Velozes & Furiosos 5 - Operação Rio, o policial Luke Hobbs (The Rock), ressurge com uma proposta: que o grupo ajude-o a derrubar um novo e ameaçador oponente, o misterioso e cheio de recursos Shaw (Luke Evans). Como moeda de troca está um perdão governamental para toda a família Toretto e uma informação importante: a de que Letty (Michelle Rodriguez, personagem dada como morta no primeiro quarto filme) está trabalhando com Shaw.

O roteiro é muito bem amarrado dentro dos demais filmes, situando muito bem este na cronologia da franquia. Ao final, fica perfeitamente clara a intenção dos produtores - dentre os quais o próprio Diesel - e enxerga-se o mapa perfeito dos sete primeiros filmes (sim, sete, já que este entrega a ação no ponto em que começará o próximo, com Jason Stathan como um novo vilão).

Mas na mesma medida em que respeita a história estabelecida, a série segue em sua conversão constante para outro gênero. Já faz tempo que a franquia não é mais de corrida de rua, que abandonou a clandestinidade de um segmento específico em prol da ação mais convencional. Saiu o tuning, entraram as explosões e cenas de perseguição exageradíssimas, criadas para empolgar e encher os olhos - algo que era antes o papel dos carros e dos rachas de rua - em locações igualmente superelaboradas, dignas de James Bond (há cenas na Rússia, em Londres, na Espanha...)

No processo, Velozes & Furiosos ficou menos "marrenta" e muito, muito mais divertida. Tudo bem que o humor que realmente funciona é o absolutamente involuntário (os alívios cômicos não funcionam e ficam meio dignos de pena), já que são catárticos os momentos em que Diesel, o trapalhão do asfalto, puxa para si o papel de um super-herói dos motores, realizando feitos impossíveis em câmera lenta que deveriam arrancar suspiros, mas obtém gargalhadas.

Velozes & Furiosos 6 resulta em um entretenimento digno, muito bem coreografado, pontuado por canastrices (salva-se o competente Luke Evans, que leva a sério seu vilão e cria algo realmente ameaçador) e testosterona, que jorra até das mulheres, com um homérico quebra-pau entre Gina Carano e Michelle Rodriguez.

O retorno da namorada do protagonista, porém, faz explodir a tendência "família" de Velozes & Furiosos, insistentemente batendo na tecla da união entre a trupe Toretto, seu amor uns pelos outros, e na família enquanto motor de suas aventuras. Há agora um bebê Toretto, Vin Diesel preocupa-se com a vida humana e pede aos colegas para terem "cuidados com as pessoas na rua" e até compram-se os carros necessários para a caçada a Shaw. Ou seja, a velocidade continua intacta, mas a gangue virou família e a fúria foi domada.

Velozes e Furiosos 6 | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Bom