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As Vantagens de Ser Invisível | Crítica

Drama de amadurecimento emociona ao som do rock alternativo dos anos 80 e 90

07.09.2012, às 20H29.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H47

Em seu segundo trabalho como diretor, Stephen Chbosky adapta seu próprio romance, As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower, 2012).

As Vantagens de Ser Invisível

As Vantagens de Ser Invisível

As Vantagens de Ser Invisível

O drama de amadurecimento acompanha um garoto de 15 anos, Charlie (Logan Lerman, de Percy Jackson e o Ladrão de Raios), no momento de sua entrada no colegial em Pittsburgh. Ele se recupera de uma depressão, que lhe rendeu tendências suicidas, e da perda de seu único amigo. No colégio, porém, começa sua jornada de socialização, de crescimento e recuperação com a inadvertida ajuda de dois veteranos, Patrick (Ezra Miller, de Precisamos falar sobre o Kevin) e Sam (Emma Watson, de Harry Potter), que o recebem em seu mundinho à parte dos populares da escola.

Ter Chbosky no comando da adaptação mantém a força do material original. Ninguém entende e se preocupa com os personagens mais que seu autor, afinal - e ele valoriza cada momento de tela de todos eles. A primeira aparição de Sam, por exemplo, é memorável e Emma Watson esvazia em segundos qualquer resíduo de sua atuação como Hermione que possa teimar em permanecer na mente depois de 10 anos vendo-a no papel da bruxinha. Ela está adorável e sabe trabalhar toda a complicada bagagem da personagem.

Lerman e Miller também fazem bonito e suas sequências juntos são excelentes. Enquanto o primeiro mostra que tem qualidade de atuação para convencer nesse difícil papel, que requer enormes variações emocionais ao longo do filme, o outro torna seu Patrick uma força magnética em tela.

Chbosky pode não ter muitos recursos como cineasta, mas a história não pede mais do que o básico. Ainda que ele consiga algumas sequências estéticamente belas, não é essa a necessidade do filme. São os diálogos (e o que não precisa ser externalizado) que movem a adaptação - e ter o criador desse mundo presente o tempo todo no set sem dúvida ajudou muito os protagonistas e o elenco de apoio (especialmente os jovens), que também está ótimo.

O cineasta também esta muito à vontande com relação à música. As canções do filme estabelecem identidade aos personagens e abusa de referências dos anos 80 e início dos 90. Ouvem-se Pavement, New Order, L7, Cocteau Twins, Sonic Youth, The Smiths... que são colocadas ao lado da clássica, "Heroes" (77), de David Bowie, que soa como o hino do filme. A música toca em dois momentos importantes e serve para demonstrar a sensação, hoje quase perdida, da descoberta sonora (ou qualquer outra). Afinal, eram os anos 90, quando se você ouvisse uma música e não soubesse seu nome, não adiantava cantarolá-la para o celular, pois o aparelho sequer existia ainda. Você tinha que trabalhar pelos seus gostos e seu desenvolvimento cultural.

As Vantagens de Ser Invisível termina uma sensível história de amizade, descobertas e amor idílico que faz pensar. A frase "Nós aceitamos o amor que pensamos merecer", um dos motes do filme, sozinha, rende algumas boas reflexões. A vibração pelas descobertas, a expectativa pelo próximo "mistério", é igualmente emocionante.

Enfim, fica aqui uma constatação curiosa. Se ao menos os produtores de Homem-Aranha tivesse assistido a este filme antes de realizarem o novo longa do herói saberiam como poderia (ou deveria) ser retratado o Peter Parker nas telas (obviamente, não me refiro aqui às tendências suicidas). E pensar que Logan Lerman foi dispensado para o papel...

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Nota do Crítico
Excelente!