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Crítica

Toque de Mestre | Crítica

Um suspense em forma de concerto para piano

03.04.2014, às 13H30.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 15H16

"Velocidade Máxima no piano". A comparação usada para apresentar Toque de Mestre (Grand Piano) a investidores não é precisa, mas exprime a essência inusitada do longa escrito por Damien Chazelle e dirigido por Eugenio Mira.

toque de mestre

Em um teatro lotado, um pianista virtuose, Tom Selznick (Elijah Wood), precisa atender as exigências de um assassino meticuloso e estrategicamente posicionado (John Cusack). A única forma de evitar uma tragédia, que não ameaça apenas a sua vida, mas a de sua esposa e outros familiares, é tocar perfeitamente a composição que o levara a uma aposentadoria precoce anos antes.

Bons alunos de Alfred Hitchcock, Chazelle e Mira trabalham cuidadosamente o seu nobre MacGuffin (o elemento narrativo que move a trama): um piano único, feito sob encomenda para o falecido mentor de Selznick, Patrick Godureaux. O roteiro segue em crescendo, apresentando gradualmente os seus elementos até o momento em que o pianista descobre a ameaça de morte na partitura. Vemos primeiro o misterioso piano, que fará a sua última apresentação antes de ser enviado para um museu na Europa; ao lado, uma foto de Selznick e Godureaux estabelece a hierarquia entre os personagens. Corta e acompanhamos o retorno do traumatizado pianista à cidade, que, pelo celular, revela seus medos a esposa, uma conhecida atriz de cinema.

Consciente da aura B da trama, Mira, que além de diretor é compositor, arranja espaços e atuações com precisão, sem trair a si mesmo. Os exageros não são ignorados, mas incorporados à estética tensa do longa graças ao comprometimento do trio principal, formado por Wood, Cusack e Alex Winter, o assistente do assassino. Os três são os únicos conscientes do que realmente está acontecendo no palco e direcionam o público a cada reviravolta. A câmera os acompanha de perto, em planos sequências, revelando os ambientes que os cercam e terão influência na trama.

Partindo de uma premissa complexa, Toque de Mestre funciona pois foi pensado como um concerto. Silêncios e movimentos frenéticos são conduzidos pelo bom desenvolvimento dos seus personagens, culminando em uma cadência perfeita que encerra o filme em um movimento clássico do suspense. Faltaram apenas os aplausos depois do espetáculo.

Nota do Crítico
Ótimo