Filmes

Crítica

Sobrenatural: A Última Chave | Crítica

Entre sustos e humor, quarto capítulo é um bom filme de uma franquia excelente

18.01.2018, às 14H27.
Atualizada em 26.01.2018, ÀS 15H03

Sobrenatural é uma das melhores franquias do terror moderno. Com sua criação em 2010, o diretor James Wan (Invocação do Mal) e o roteirista Leigh Whannell (Jogos Mortais) estabeleceram uma base sólida para uma saga de assombrações com uma interessante mitologia sobre outros planos astrais. Alguns anos após entregar seu capítulo mais fraco e sob nova direção, a série retorna às telas com novos sustos e espíritos em A Última Chave.

Continuação de A Origem (2015) e antecedendo os dois primeiros filmes, a trama traz Elise (Lin Shaye) confrontando fantasmas do passado - literais e metafóricos - ao ser contratada para resolver um caso paranormal na casa onde cresceu. Ter a médium como ponto central da narrativa é um acerto: a personagem é a mais interessante da série. Explorar suas raízes e conhecer seus traumas tornam crível a sabedoria que a vemos demonstrar no combate aos espíritos.

O destaque fica por conta da atuação de Shaye, que passa pelo horror de enfrentar assombrações, a nostalgia de ver seu antigo lar e o humor para participar de piadas quandos seus assistentes tentam impressionar garotas em uma lanchonete. A versatilidade da atriz representa bem o tom de Sobrenatural, que vai do medo puro à comédia em segundos.

Os assistentes de Elise tem um papel fundamental na questão do humor. Tucker e Specs, dupla vivida por Angus Sampson (Fargo) e por Leigh Whannell, trazem humor e alívio cômico entre os momentos de terror. Apesar de ser assim desde a criação da franquia, aqui eles se consagram ao ganhar maior tempo de tela e acertarem a mão na comédia física. As cenas dão respiro ao filme, e mostram a habilidade da produção em alternar o tom sem prejudicar o horror.

Mesmo entre dramas pessoais e risadas, o terror não perde espaço. Marca registrada da saga, o filme a todo momento deixa o espectador inseguro pela imprevisibilidade dos jumpscares - não de quando eles acontecerão, mas sim de onde. Constantemente o longa brinca com as expectativas, colocando aparições escondidas nos cantos da imagem ou então, por exemplo, chamando a atenção para um armário escuro quando a ameaça está nas costas da protagonista.Esses "truques", característicos de James Wan, já não são tão originais quanto a primeira vez que foram mostrados em 2010 ou na série Invocação do Mal, mas vê-los em ação ainda cria tensão e momentos divertidos no cinema.

Infelizmente, o que prejudica a tensão é o próprio antagonista. O Demônio das Chaves, chamado de KeyFace (Javier Botet), é pouco explorado e não muito desenvolvido. Apesar de servir como mecanismo para Elise revisitar seu passado, falta a complexidade ou ameaça recorrente que tornaram Parker Crane ou o Demônio do Rosto de Fogo em vilões a serem temidos. São poucos os momentos de tensão criados por KeyFace, e a criatura não convence nem quando seu papel na narrativa é revelado.

A Última Chave supera seu antecessor mas não os títulos originais. É um bom capítulo para aprofundar a mitologia da saga e sua melhor personagem, ao mesmo tempo que traz sustos divertidos.

Talvez pela falta de técnicas inovadoras ou uma ameaça realmente horripilante, a sensação que fica é de um filme bom numa franquia que já demonstrou ter potencial para ser excelente.

Nota do Crítico
Bom