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Crítica

As Sessões | Crítica

Helen Hunt concorre ao Oscar por filme de boas intenções

14.02.2013, às 18H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H53

O tributo que Hollywood paga sempre que se arrisca por temas delicados ou histórias oficiais é o da solenidade. As Sessões (The Sessions) tem os dois - trata de sexo pago para fins medicinais e conta o drama de vida do poeta Mark O'Brien (1949-1999) - e não escapa da sina do politicamente correto e do excesso de zelo.

as sessões

Mark (interpretado no filme pelo ótimo John Hawkes, que está cada vez mais parecido com Sean Penn na sua busca por um Oscar) contraiu poliomielite aos seis anos, doença que o deixou imobilizado do pescoço para baixo e o forçou a viver dentro de uma máquina que funciona como pulmão artificial. Como poeta e jornalista, opositor da eutanásia, fã de beisebol, O'Brien tornou-se uma das principais vozes pelos direitos das pessoas com necessidades especiais nos EUA.

O filme enfoca o período nos anos 1980 em que Mark, por recomendação da terapeuta sexual com quem se consultava, passa a trabalhar com uma "sex surrogate", uma pessoa contratada para manter atividades sexuais com o paciente. Nas palavras de O'Brien, enquanto o ofício da terapeuta é tratar a mente, a função da "substituta" é cuidar do corpo. Helen Hunt interpreta a sex surrogate, papel que exige nudez frontal (pela qual a atriz acabou indicada ao Oscar de coadjuvante).

As Sessões poderia ser uma versão oscarizável de O Virgem de 40 Anos - Hawkes e William H. Macy (que vive o padre com quem Mark se consulta) emprestam leveza e bom humor ao seus personagens - se o roteirista e diretor Ben Lewin não hesitasse tanto, entre o pudor e a literalidade. As Sessões vai além do típico filme didático: seu didatismo tem camadas. Primeiro a médica traduz os sentidos do filme clinicamente, no gravador (como explicar que Mark está suscetível a transferências), depois o paciente dá, na narração em off, o sentido poético daquilo que vivencia.

A Hollywood de hoje continua tratando de tipos particulares de sexo - como o sexo na terceira idade de Um Divã para Dois - com dificuldade. Ben Lewin também enfrentou a poliomielite na infância, ele sem dúvida tem autoridade para falar do tema, mas As Sessões não consegue ir além das boas intenções. Na verdade, acho que consegue ser o filme com a maior concentração de personagens bem intencionados já feito.

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Nota do Crítico
Regular