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Crítica: Prenda-me se for capaz

Prenda-me se for capaz

20.02.2003, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H13

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Prenda-me Se For Capaz

Abagnale (DiCaprio), o piloto

Prenda-me Se For Capaz

DiCaprio ao lado do verdadeiro Abagnale no set de filmagens

Prenda-me Se For Capaz

O agente do FBI Carl Hanratty (Hanks)

Calma, não precisa fechar o (o)! Nós não roubamos nada de ninguém. Foi só uma mentirinha para mostrar um pouco do que passou Frank William Abagnale Jr. Na década de 60, este jovem só tinha duas coisas certas na sua vida: seu pai e sua mãe. Mas de repente, tudo foi pelos ares. Seu pai estava falido e o casamento dos dois, que começou como num conto de fadas, estava prestes a um fim bem diferente do tradicional felizes para sempre.

Depois de ver e ajudar seu pai a dar dois golpes em seguida, Frank Jr. (Leonardo DiCaprio) se sente encorajado o suficiente para encarnar seu primeiro personagem, um professor substituto de francês. Assim começa a história do mais jovem criminoso a figurar na lista dos dez mais procurados pelo FBI.

Gangues de Hollywood

Desde que a Dreamworks adquiriu os direitos de transformar a autobiografia Prenda-me se for capaz em filme, o papel principal sempre esteve nas mãos de DiCaprio. Porém, com os constantes atrasos do protagonista com Gangues de Nova York, a cadeira de diretor passou nas mãos de Gore Verbinski (O chamado), Lasse Hallström (Chocolate), Cameron Crowe (Vanila Sky) e, dizem, até mesmo David Fincher (O Quarto do pânico). Daí, o Sr. Steven Dono da Dreamworks Spielberg, somou 1 + 1 e decidiu chamar a responsabilidade (e a diversão) para si. Até mesmo os coadjuvantes mudaram bastante. No começo, o detetive Carl Hanratty, que na verdade é uma amálgama de vários personagens, não seria interpretado por Tom Hanks (Estrada para Perdição), mas sim por James Gandolfini (Os Sopranos) e os ótimos Cristopher Walken e Martin Sheen nem estavam nos planos.

Outro que se juntou à turma foi o já manjado maestro John Williams, que participou de vinte filmes feitos por Spielberg, mas desta vez inovou e fez uma trilha sonora que remete não apenas aos anos 60, mas também ao começo de sua carreira, quanto tocava piano na banda de Henry Mancini. Prenda-me foi uma oportunidade maravilhosa de revisitar uma parte adormecida em mim há décadas, completa Williams.

Baseado em fatos reais

Como o filme começa no momento em que Abagnale está encarcerado, a animação feita para os créditos iniciais resume os principais golpes do falsário e mostra sua brincadeira de pega-pega com o agente do FBI. Estão ali a famosa passagem de Abagnale pela Pan Am, sua escapada no hotel (quando diz que seu nome é Barry Allen, conhecido no mundo dos quadrinhos como The Flash) e seus dias como médico e advogado, quando já desfrutava parte dos US$ 2,5 milhões que conseguiu e continuava dando golpes.

Abagnale, hoje uma das figuras mais respeitadas no combate às fraudes, gosta de deixar bem claro uma coisa: seus golpes nunca foram para cima de empresas familiares. Se ele precisava comprar roupa numa loja pequena, ele ia até o banco, descontava um cheque (falso) e usava dinheiro para pagar suas contas. Seus alvos eram as grandes corporações e tudo o que ele queria era curtir a vida e ter de volta uma família.

A verdade é uma só

Prenda-me tem um clima leve e divertido e serviu para devolver a DiCaprio o carisma de seus primeiros filmes (Gilbert Grape - Aprendiz de sonhador, Diário de um adolescente). Ele vai do adolescente que aplaude o pai com entusiasmo e admiração ao adulto que se empenha no chato trabalho do dia-a-dia.

Dizem por aí que a mentira tem as pernas curtas. Deve até ser verdade. Mas quando ela é contada com o angelical rosto do Leonardo DiCaprio, o olhar perspicaz de Tom Hanks e a mão mágica de Steven Spielberg, é fácil de acreditar em qualquer história.

Nota do Crítico
Ótimo