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Crítica

Percy Jackson e o Mar de Monstros | Crítica

Franquia do filho de Poseidon melhora, mas não justifica a sua existência

15.08.2013, às 19H46.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H44

Fracasso entre críticos e fãs da série literária de Rick Riordan, Percy Jackson e o Ladrão de Raios ganhou uma sequência graças ao seu poder de bilheteria em águas internacionais (dos mais de US$ 226 milhões arrecadados, US$ 137, 7 saíram de bolsos fora dos EUA). Uma segunda chance que chega aos cinemas ávida por exorcizar a mistura desandada de mitologia grega e cultura teen assinada por Chris Columbus em 2010.

A salvação da franquia, porém, escapa às mãos do novo diretor, Thor Freudenthal, e Percy Jackson e O Mar de Monstros não passa do “menos pior” no critério de qualidade.  A adaptação apenas continua a desdobrar a sua falha mitologia, redistribuindo a Grécia Antiga pelo mapa dos EUA e povoando-a com personagens fantásticos extremamente ordinários.

Percy Jackson e o Mar de Monstros

Percy Jackson e o Mar de Monstros

Percy Jackson e o Mar de Monstros

Saindo da ordem pai e filho do primeiro filme, o segundo capítulo foca nos laços entre irmãos (de sangue ou não) e coloca seu personagem-título para justificar a própria divindade no temível Mar de Monstros, também conhecido como Triângulo das Bermudas. Desta vez, o trio de amigos sobrenaturais capitaneado por Logan Lerman precisa salvar o seu precioso acampamento de verão – aqui, o único lugar seguro na Terra para deuses, semideuses e afins é o segundo principal arquétipo da infância norte-americana depois do bullying escolar.

Mesmo que funcione nos livros, falta densidade para que essa americanização/pasteurização da mitologia grega se justifique no cinema. Assim como o seu antecessor, Percy Jackson e O Mar de Monstros apenas cola personagens, maldições e missões em um amontoado que é bruscamente arremessado em direção ao espectador. Os poucos suspiros de alívio são fornecidos por Stanley Tucci (que desempenhou papel semelhante em Jack – O Caçador de Gigantes), uma boa sequência de animação e alguns marinheiros zumbis. A redução (não eliminação) do didatismo e da pieguice nos diálogos também ajuda a elevar a nota do segundo filme.

À época de seu lançamento, O Ladrão de Raios carregava a aura de “o próximo Harry Potter”. Comparado à franquia de J.K. Rowling, contudo, Percy Jackson está mais próximo das séries de TV da Disney e da Nickelodeon do que do cinema, com uma direção de arte que sobrepõe gregos e romanos para criar um mundo extraordinário incapaz do óbvio: encantar. Os monstros do título só ganham importância quando vistos em 3D, quando o filme justifica o seu enredo aparentemente despretensioso ao se transformar em um passeio desenfreado de montanha-russa – bons sustinhos que valem uma meia-entrada em um dia de chuva.

Talvez exista outra crítica possível de Percy Jackson e O Mar de Monstros. Um olhar mais ingênuo e menos crítico-chato sobre o filme.  Quando se chega à vida adulta, entretanto, é preciso mais consistência para se abandonar a realidade. Na sua segunda tentativa, o filho de Poseidon continua mundano demais para alçar o público acima dos 10 anos ao Olimpo.

 

Nota do Crítico
Regular