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Pequeno Dicionário Amoroso 2 | Crítica

Comédia romântica começa promissora, mas esbarra em diálogos ruins

10.09.2015, às 11H34.

Dezoito anos depois do primeiro filme, Pequeno Dicionário Amoroso 2 chega aos cinemas com a premissa de mostrar o que aconteceu com os personagens Luiza e Gabriel, o casal apaixonado que terminou o primeiro longa separado. No entanto, apesar de tentar modernizar os conflitos amorosos e ter praticamente a mesma equipe do original, o longa tem problemas com os diálogos e a construção dos personagens mais novos, que são promissores, mas não conseguem encontrar espaço num roteiro óbvio e sem criatividade.

Sandra Werneck (Cazuza: o Tempo Não Para), responsável pelo primeiro longa, volta para a direção ao lado de Mauro Farias (O Diário de Tati). No roteiro houve algumas mudanças significativas: Paulo Halm (Casa da Mãe Joana 2) continuou, ao lado da novidade Rita Toledo (Noites de Reis) e da própria Sandra Werneck. A trama começa com o reencontro de Luiza e Gabriel após o enterro do padrasto dela. Já nessa cena fica claro que o filme tende para o óbvio: ao ver o homem, a mãe de Luiza diz que ele é um "anjo".

Andréa Beltrão e Daniel Dantas tentam expressar intimidade, mas parecem pouco à vontade em cena, quase como se não conhecessem mais os personagens que interpretaram em 1997. Os diálogos são explicativos: ao invés de expressarem para o espectador todo o passado de ambos, os personagens explicam o que aconteceu de modo didático, algo pouco plausível para um casal que se reencontra depois de tanto tempo.

A música é outro ponto que tira o espectador do filme. Alta e caricata, a trilha antecipa situações ao invés de criar um clima para que elas aconteçam. O destaque ruim é quando a personagem Bel (Glória Pires), ex-mulher de Gabriel, aparece. Ligada com o esoterismo, ela gosta de "prever" o futuro nas cartas e nas runas. Mesmo alguns segundos antes de Glória Pires entrar em cena, uma música misteriosa começa, deixando a personagem ainda mais caricata, como se não houvesse mais nada sobre Bel além de seu interesse por esoterismo. É a linguagem facilitadora da TV mais uma vez limitando as possibilidades da comédia de tipos no cinema nacional.

Dois destaques positivos do filme são o personagem de Eduardo Moscovis e o núcleo jovem, representado pelos filhos de Luiza e Gabriel. Guto (Moscovis) consegue passar mais verdade para o público, mesmo aparecendo do segundo ato em diante. Já os jovens têm potencial, mas infelizmente esbarram em falas e situações sem muito sentido. O filho de Luiza simplesmente não tem um desfecho na história, assim como Alice, interpretada por Fernanda Vasconcellos. A jovem tem uma história amorosa interessante, mas faz escolhas finais infantis, destoando da personalidade forte mostrada até então.

Com tantos pontos negativos, Pequeno Dicionário Amoroso 2 tem, pelo menos, belos cenários do Rio de Janeiro, que podem despertar a nostalgia de quem assistiu ao primeiro filme no final dos anos 90.

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Nota do Crítico
Regular