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Filmes
Crítica

Para Vigo Me Voy! registra as texturas da vida e trabalho de Cacá Diegues

Produção celebra o diretor brasileiro que faleceu no começo de 2025

3 min de leitura
23.09.2025, às 07H00.

Créditos da imagem: Coqueirão Pictures

Há um prazer inerente a assistir Para Vigo Me Voy!, documentário de Karen Harley e Lírio Ferreira sobre a vida e trabalho de Cacá Diegues. O diretor brasileiro, um dos grandes nomes do Cinema Novo, faleceu em fevereiro de 2025, e o timing do filme, que estreou no Festival de Cannes antes de passar por eventos nacionais, vai além do impecável. No momento em que o cinéfilo brasileiro vai, inevitavelmente, desejar (re)visitar a filmografia de Diegues, este longa surge como resposta.

Menos um passeio guiado por seus filmes e mais uma coleção de imagens e sons que registram as texturas dos 60 anos de Diegues por trás das câmeras e – com uma coleção de arquivos riquíssima repleta de entrevistas – à frente dela aqui e ali, Para Vigo Me Voy! é divertido, confuso e caloroso. De certa forma, então, é um espelho fiel ao cinema de Cacá, assim como à sua pessoa. O documentário não fará o melhor trabalho de apresentar o realizador brasileiro como artista para quem não assistiu a Bye Bye Brasil ou Xica da Silva, pouco fazendo em termos de introdução ou contexto, mas acerta em cheio na captura de uma personalidade marcante.

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Entre entrevistas de Cacá ao longo de sua vida e registros ocasionais mas íntimos dele nos bastidores de Deus Ainda é Brasileiro, filme póstumo que chegará em 2026 com Antônio Fagundes novamente no papel do Divino, sentimos que estamos, de fato, enxergando o cineasta. A presença de familiares e amigos – em especial no cenário da festa de aniversário de casamento de Cacá com Renata Almeida Magalhães, que acaba virando uma espécie hall da fama de artistas brasileiros – num quê mais cotidiano ajuda os depoimentos e abraços a ganharem tons de realidade, e não de uma dinâmica ensaiada. Há a sensação de enxergar, de fato, o humano.

Isso se estende até certo ponto aos filmes. De fato, é inegável que ver algumas das principais cenas de clássicos do cinema num campo/contracampo com o homem que as dirigiu assistindo, sorrindo e emocionado é naturalmente empolgante para fãs da arte, mas mais ainda são os preciosos momentos em que Cacá de fato discursa sobre o trabalho. Cenas como aquela em que ele compara as dinâmicas da história de Xica da Silva com o Carnaval, comparando acontecimentos do longa com desfiles e aberturas da festa brasileira, são iluminadores. É impossível, então, não ficar com o gostinho de “quero mais.”

Essa falta de aprofundamento significa que Para Vigo Me Voy! realmente se apresenta como um álbum de fotografias (em movimento). Passar suas páginas é se deparar com colagens transportadoras, ilustrações que vão desbloquear memórias e sentimentos, mas esses vislumbres do conhecimento cinematográfico de Cacá Diegues nos deixam curiosamente sedentos por um documentário com mais espaço para essas conversas. Talvez ele deixasse Cacá mais no universo do profissional, mas não há dúvidas de que seus filmes teriam muito a nos revelar por si só.

Nota do Crítico

Para Vigo Me Voy!

2025
99 min
País: Brasil
Direção: Lírio Ferreira, Karen Harley
Elenco: Carlos Diegues