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Os Penetras | Crítica

Não é uma cópia brasileira de Penetras Bons de Bico

29.11.2012, às 18H47.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

Muita gente por aí está julgando Os Penetras(2012) pelo seu título, achando que estamos diante de um xerox apagado e abrasileirado da comédia Penetras Bons de Bico, com Owen Wilson e Vince Vaughn. Não é. Aliás, está longe disso. Tirando a palavra "penetras" em ambos os títulos, sobra muito pouco. Marco (Marcelo Adnet) não é um cara que vive arranjando uma forma diferente de entrar em festas. Ele é o estereótipo do carioca malandro, que conhece todo mundo e está sempre em busca do próximo golpe. Quando o tímido Beto (Eduardo Sterblitch) aparece em sua frente, a lábia certeira do 171 começa a agir.

os penetras

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Beto acaba de chegar do interior e está na porta do mais luxuoso hotel do Rio de Janeiro, de onde foi expulso após tentar de todas as formas reatar com sua ex, Laura. Carteira tão cheia de dinheiro quanto seus olhos de lágrimas, o garoto desesperado oferece o que for preciso para que Marco entre no hotel e peça para ela dar-lhe mais uma chance. Algumas notas de 100 reais depois, Marco aceita o desafio, entra no hotel e sai à procura da tal mulher perfeita, que se materializa no forma da linda Mariana Ximenes. Sempre querendo se dar bem, Marco começa a dar em cima da loira. Quando os dois já estão no quarto, chega outro homem e começa a confusão.

Agora Marco fica dividido entre conquistar Laura, por quem se apaixonou, e arrancar cada vez mais dinheiro de Beto. E o que parecia impensável acontece: Marco começa a ter dilemas morais e até mesmo a simpatizar com Beto. Sem falar muito mais sobre a trama é preciso ressaltar que depois da cena filmada dentro do Palácio do Catete a história muda completamente de rumo. O que começou como um filme de golpe e comédia passa a ter também elementos de "bromance", a relação de amor entre amigos.

Depois de cometer As Aventuras de Agamenon, o Repórter, seu primeiro filme como coprotagonista, o comediante Marcelo Adnet se redime aqui em um papel menos careteiro e sem a necessidade de fazer rir a cada frase dita. Mas quem chama a atenção de verdade é Sterblitch. Mais conhecido pelos personagens Freddie Mercury Prateado e César Polvilho do programa Pânico, o ator criou um personagem que passa por uma grande transformação sem cair na caricatura do fraquíssimo pôster oficial.

O resto fica por conta do bom gosto e técnica de Andrucha Waddington (Eu Tu Eles, Casa de Areia, Lope), que através de inúmeros dias de leitura de roteiro e ensaios deixa o texto fluido, o elenco coeso e sempre procura um ângulo diferente para filmar suas cenas.

Assim, a obrigação de ser engraçado o tempo todo de Marcelo Adnet e a poesia do cineasta Andrucha Waddington, que pareciam ser tão antagônicos quanto água e óleo acabam se entendendo bem. A improvável mistura entre os dois consegue resultar em algo prazeroso o suficiente para fazer os fãs do comediante darem um primeiro passo em direção a um cinema mais pensado e levar os planos mais elaborados do segundo a um público mais amplo.

Entrevista exclusiva: Mariana Ximenes, Edu Sterblitch e Andrucha Waddington

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Nota do Crítico
Bom