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Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe | Crítica

Sandler, Hoffman e Stiller brilham em filme sobre as alegrias e tristezas da família

06.11.2017, às 11H14.
Atualizada em 06.11.2017, ÀS 13H06

É interessante que o título nacional de The Meyerowitz Stories (New and Selected) seja Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe (Histórias Novas e Selecionadas). Mais do que um típico subtítulo, a frase realmente faz sentido na história contada por Noah Baumbach (Mistress America, Frances Ha).

Ao longo de diálogos estranhos e, ao mesmo tempo, incrivelmente realistas, conhecemos a família Meyerowitz: Dustin Hoffman (hoje mais um dos envolvidos na leva de escândalos em Hollywood, entenda) é o pai Harold, um escultor que vive os dias da velhice remoendo suas possibilidades não alcançadas de sucesso. Junto a ele está Maureen (Emma Thompson), sua excêntrica esposa que não encontra uma ligação verdadeira com os filhos do artista, os já adultos Danny (Adam Sandler), Jean (Elizabeth Marvel) e Matthew (Ben Stiller). É uma família disfuncional, com pessoas completamente diferentes, que possuem apenas um vínculo sanguíneo e não emocional (não escolhemos a família, lembra?). Uma reunião improvável acontece quando Danny e Jean resolvem organizar uma exposição em homenagem ao pai.

Hoffman encarna com veracidade o patriarca que pensa muito mais em si mesmo do que em sua família. Ele criou e ama os filhos, é claro, mas não presta atenção neles, se importa pouco com os acontecimentos de suas vidas e, assim como todos os pais, consegue derrubá-los com uma ou duas frases de desprezo não-intencionais.

Sandler e Stiller formam uma dupla incrível de irmãos, que lidam com todos esses problemas insanos dos pai e com suas próprias inseguranças. Noah Baumbach usa várias cenas para evidenciar como Danny e Matthew são diferentes e se sentem desconfortáveis perto um do outro. A relação é marcada por diálogos em que nenhum dos dois sabe exatamente o que dizer. Mas, no fundo disso, os irmãos carregam as mesmas feridas causadas pelo pai e são esses machucados que os aproximam no fim das contas. Nada poderia ser mais verdadeiro do que isso. Os fãs curiosos sobre Adam Sandler encontrarão o ator ao mesmo tempo diferente e semelhante aos seus papéis anteriores. Há pontas de um humor amargo em Danny, mas o personagem vai além disso, mostrando as camadas de um homem que se sente fracassado diante da família, mas não desistiu totalmente de ser feliz.

Com um pai tão distante e egocêntrico, é de se imaginar que os filhos o odiariam pelo resto da vida, mas Baumbach escolhe levar seu filme para outro caminho. Ao verem o pai velho e doente, eles percebem que o patriarca não poderia ter sido mais amável ou presente. Harold Meyerowitz é, em sua essência, alguém distante e egoísta, ele jamais poderia mudar sua personalidade, mas isso não significa que ele era incapaz de amar. Para os filhos, resta o peso de carregar as feridas emocionais causadas pelo pai, mas sabendo que tudo aconteceu exatamente como deveria ter acontecido.

Por mostrar tudo isso, Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe é um filme extremamente humano, que causa sentimentos de alegria, confusão, raiva (muitas vezes dá vontade de voar na tela e sacudir os personagens) e, por fim, aceitação: nenhuma família é perfeita, mas nenhuma pode substituir a nossa.

Nota do Crítico
Excelente!