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Crítica

O Zelador Animal | Crítica

Quando Madagascar encontra Hitch

06.10.2011, às 20H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H28

Animais falantes são quase um subgênero dos filmes infantis. Porém, os roteiristas de O Zelador Animal (Zookeeper, 2011) aparentemente não receberam o memorando que sacramentava isso, pois resolveram utilizar os bichos do zoológico para ajudar o tal funcionário do título, Griffin (Kevin James), a reconquistar sua ex-namorada, Stephanie (Leslie Bibb), sem se preocupar com as confusões que isso pode causar nas futuras gerações. O problema é que ao misturar Madagascar com Hitch, o filme erra os dois públicos.

O Zelador Animal

O Zelador Animal

O Zelador Animal

A comédia começa com o casal passeando a cavalo por uma praia ao pôr-do-sol. Quem dá o coice, porém, é Stephanie, quando rechaça o pedido de casamento do gordinho que é romântico e dedicado, mas trabalha no zoológico, algo bem longe das aspirações de uma loira, magra e bonita. Anos mais tarde, ela reaparece em sua vida, meio que arrependida, mas carregando um ex (Joe Rogan) a tira-colo. Como qualquer homem, Griffin esquece tudo o que sofreu e decide reconquistá-la. Depois de passarem o tempo todo calados ouvindo as lamúrias de seu amigo sobre o sexo feminino, os animais passam a lhe dar conselhos. E ele ouve, claro!

No original, as dublagens dos animais foram feitas por Adam Sandler, Jon Favreau, Cher, Sylvester Stallone, Judd Apatow e Nick Nolte, para citar só alguns nomes. Aqui no Brasil, coube ao comediante Marcelo Adnet dar voz aos bichos. Como a maioria (se não todas) das cópias será em português, essa foi a versão que nós vimos. Apesar da estranheza original que a versão dublada sempre tem, a versão nacional não chega a atrapalhar. Os problemas do filme são outros.

A comédia física está longe de trazer qualquer grau de originalidade, o texto é aquela mesmice de sempre nos diálogos (com a repetição da "frase de efeito" do macaco, que pede para jogar cocô nos outros, algo que sempre funciona com ele) e as situações são dignas de arrancar um sonoro bocejo de tão previsíveis. Um porco-espinho no colo vai soltar seus espinhos no rosto dele, só porque a equipe de roteiristas acha que isso é engraçado. Mas não é.

Sobra de divertida só a cena em que Griffith leva o gorila deprimido para dar um rolê pela cidade. O problema é que o macacão é justamente o menos realista dos animais retratados ali. Difícil dizer se é falta de dinheiro, de talento ou apenas pura cara-de-pau dos produtores.

Entre mensagens panfletárias no estilo "seja você mesmo" e Ken Jeong aparecendo mais uma vez reprisando o papel de asiático sem-noção (algo que ele faz muito bem, mas já está começando a cansar), não sobra muita coisa para O Zelador Animal.

O crédito no final diz que animais não foram feridos durante a execução do filme. O mesmo não se pode dizer sobre quem teve de assisti-lo. É como se os roteiristas tivessem levado a sério a dica do macaco e resolvessem jogar tudo de ruim na direção da plateia.

Nota do Crítico
Ruim