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Crítica

O Relatório

Scott Z. Burns cria grande aula sobre um dos maiores escândalos da CIA

19.09.2019, às 11H43.
Atualizada em 23.09.2019, ÀS 12H01

Um filme baseado na realidade está longe de ser uma reconstituição dos fatos. Na maioria das vezes há um detalhe adicionado para fins dramáticos, um evento ou personagem que precisava ser mais cinematográfico. É justamente essa versão hollywoodiana que o roteirista e diretor Scott Z. Burns quer evitar em O Relatório

O longa segue Daniel J. Jones (Adam Driver), destacado pelo senado dos EUA para investigar as táticas de tortura implementadas pela CIA depois do 11 de setembro. Nesse caminho não há desvios ou momentos puramente dramáticos. O absurdos da conduta da agência de inteligência americana dão conta de levar a história adiante. 

Estava saindo com alguém, mas com o trabalho no relatório não durou”, explica Jones no único momento em que o roteiro contempla a sua vida pessoal. Daí em diante o objetivo é narrar a sua cruzada de sete anos para revelar a verdade - a de que as técnicas de tortura não resultaram em nenhum conhecimento relevante na “guerra ao terror”. Essa anulação pessoal é coerente com a jornada, ao mesmo tempo em que torna o filme enciclopédico ou, como bem assinala o título, um relatório. 

Mesmo com a ausência de demandas dramáticas para o seu personagem, Driver dá consistência a Jones, o que inspira confiança na versão contada. Cabe a Annette Bening (a senadora Dianne Feinstein) e Jon Hamm (o chefe de gabinete Denis McDonough) adicionar personalidade ao elenco, tornando mais interessante o subtexto envolvendo as administrações de Bush e Obama no caso. O que a montagem de Greg O’Bryant amarra cuidadosamente, transformando o didatismo exigido pelo o roteiro em uma apresentação dinâmica.

O Relatório é um filme baseado em fatos cujo principal objetivo não é tornar cinematográficos os seus eventos, mas usar a linguagem cinematográfica como meio acessível de informação. É uma aula de quase duas horas, o que exige disposição.

*O Relatório tem previsão de estreia para 7 de novembro.

Nota do Crítico
Bom