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Crítica

O Reino Escondido | Crítica

Lindo 3D e uma história sem grandes surpresas, mas bem contada

16.05.2013, às 18H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H45

Desde que foi divulgada a primeira arte conceitual de O Reino Escondido (Epic), o nome de Chris Wedge (diretor de A Era do Gelo ao lado do brasileiro Carlos Saldanha) era evidenciado para o público. Porém, há nos créditos, um outro nome que hoje é tão ou mais importante: William Joyce. Escritor de livros infantis, Joyce foi sugado para dentro de Hollywood tal qual a protagonista desta história, Maria Catarina, ou M.C. (voz original de Amanda Seyfried, com dublagem brasileira de Luisa Palomanes), como prefere ser chamada a adolescente de 17 anos que recentemente perdeu a mãe e vai tentar se reaproximar do pai, Prof. Bomba (Jason Sudeikis / Murilo Benício), um pesquisador que deixou o trabalho tomar conta de sua vida, afastando-o do mundo real.

O Reino Escondido

O Reino Escondido

O Reino Escondido

O Reino Escondido

O Reino Escondido

O objeto de estudo e devoção de Bomba seria o tal reino escondido do título nacional. Com dezenas de câmeras espalhadas pela floresta ao redor de sua casa, ele tenta a todo custo provar que pequenas criaturas habitam o local. Os Homens-Folha, porém, são muito rápidos e espertos e sempre conseguem esconder sua existência. São eles que lutam diariamente para manter o equilíbrio da natureza na luta contra os Boggans, liderados por Mandrake (Christoph Waltz / Mauro Ramos).

O cenário cheio de folhas, galhos, flores, pólem e poeira é perfeito para a criação da profundidade do 3D, e as perseguições e batalhas aéreas servem para quem gosta de sentir os objetos sendo jogados na sua direção. Tudo isso vem muito bem colocado em cenários fantásticos criados pelas equipes da Blue-Sky, que já havia provado seu valor em animações como Rio e a série A Era do Gelo. Em uma das cenas mais lindas sequências, a rainha Dara (Beyoncé Knowles / Miriam Ficher) é levada até o local onde escolherá sua sucessora. O voo em uma folha é digno das animações do estúdio Ghibli, de Hayao Miyazaki.

O enredo, porém, não é tão fantástico quanto as obras do mestre japonês, muito embora esteja acima da média que se vê nas animações. Quando M.C. se cansa dos devaneios do pai e resolve voltar para a cidade, ela acaba encontrando a rainha Dara e recebe uma missão. E para cumpri-la, a jovem humana é encolhida para o tamanho dos Homens-Folha. Para protegê-la, ela tem ao seu lado o guerreiro Ronin (Colin Farrell / Daniel Boaventura) e Nod (Josh Hutcherson / Sérgio Cantú), por quem obviamente vai se apaixonar. Acompanham-na nesta viagem a lesma Mub (Aziz Ansari / Philippe Maia) e o caracol Grub (Chris O'Dowd / Marco Ribeiro), os alívios cômicos obrigatórios no cinema ocidental.

O universo de fantasia e a disputa entre o bem e o mal não são novidade, mas estão muito bem conectados e a história é muito bem contada, sem cair no discurso eco-chato que tomou de assalto o mundo. Méritos ao diretor Chris Wedge, mas também a William Joyce. É dele o livro The Leaf Men and the Brave Good Bugs, que serviu de inspiração para a trama. Joyce, que ganhou em 2012 o Oscar de Melhor Curta-Metragem Animado, por The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore, também assina o roteiro (ao lado de outras quatro pessoas) e é produtor-executivo. E são dele também o livro e a produção de A Origem dos Guardiões, grande sucesso do final do ano passado. O Reino Encantado serve para recolocar Wedge no mapa das boas animações, depois da decepção chamada Robôs, e também para fincar de vez o nome de Joyce entre um dos mais importantes do cenário atual.

Nota do Crítico
Bom