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Crítica

O Grande Herói | Crítica

Uma propaganda de boa qualidade

19.03.2014, às 19H07.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

O Grande Herói se baseia em fatos para criar um drama cheio de heroísmo. A história de Marcus Lutrell e seus companheiros é, sem dúvida, digno de filmagem - tanto pelo desfecho quanto pela relação entre os soldados. Por isso o diretor Peter Berg aproveita sua veia militar para endeusar ainda mais a instituição, ao mesmo tempo que apresenta cenas de tiroteio cruas e tensas. A abordagem realista proposta pelo longa, porém, escorrega na propaganda gratuita do exército.

Não há um quadro no filme que negue isso - O Grande Herói é um anúncio honesto ao menos. A preocupação de Berg é mostrar os deveres e a honra dos homens que compõem as Forças Armadas. Do alegre batismo do novato ao cumprimento de ordens sem questionamento. E apesar de se passar durante uma guerra, parece que não há um conflito acontecendo. Toda a batalha soa como um contratempo em uma terra distante e não uma invasão. Sem vergonha, o longa assume a vocação americana moral de pacificar o mundo.

A personificação desse 'sacrifício' está na pele do quarteto vivido por Mark Wahlberg, Taylor Kitsch, Emile Hirsch e Ben Foster. Em uma missão para capturar um líder terrorista, eles acabam caçados pelo talibã. E mesmo que sejam ignorantes em relação a qualquer ordem de comando, os quatro personagens são o ponto alto do filme. Existe química suficiente para ignorar a pouca profundidade de cada um deles, afinal, o importante é a sobrevivência do grupo.

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As cenas de ação são a melhor parte do filme. Na selva ou entre rochedos, a fotografia consegue representar cada decisão tomada pelo grupo e como aquilo influencia no desenvolver da batalha. A maquiagem e os efeitos visuais sem CGI usados tornam as sequências ainda mais viscerais. E mesmo que retrate um combate reduzido, em suas cenas de tiroteio O Grande Herói transmite a tensão de uma guerra de grandes proporções.

O sucesso nos EUA surpreendeu, pois foi um dos primeiros produtos sobre o Afeganistão a ir bem nas bilheterias - foram quase US$ 85 milhões na estreia. Não é difícil entender o motivo disso. Ignorar a moralidade das atitudes do governo e focar no coleguismo do exército são componentes importantes nessa equação. Nada como deixar de lado as implicações de uma política intervencionista para fazer um bom filme de ação.

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Nota do Crítico
Bom