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O Bicho Vai Pegar | Crítica

O bicho vai pegar

05.10.2006, às 00H00.
Atualizada em 11.11.2016, ÀS 09H06

O Bicho vai Pegar
Open Season
EUA, 2006
Animação - 87 min

Direção: Roger Alles, Jill Culton e Anthony Stacchi
Roteiro: Steve Bencich e Ron J. Friedman

Vozes no original: Martin Lawrence, Ashton Kutcher, Debra Messing, Billy Connelly, Jon Favreau, Fergal Reilly, Gary Sinise, Paul Westerberg

No fim do ano passado a Sony Pictures chamou a imprensa, exibidores de filmes e licenciantes brasileiros para um evento especial. O motivo era o anúncio oficial de sua entrada no ramo de animação feita por computação gráfica. Vendo o tanto de dinheiro que Disney/Pixar, Dreamworks, Fox e Warner faturam por ano, até que demorou.

O primeiro resultado desses esforços é O bicho vai pegar (Open season, 2006). O longa-metragem é bom para uma estréia, mas fica apenas na média do que vem sendo desenvolvendo por aí. O principal motivo para esta quase decepção não é técnico - estamos falando do mesmo estúdio que criou os ótimos efeitos especiais dos filmes do Homem-Aranha. O grande problema está no roteiro pueril, que quer ensinar às crianças que não é bom ser individualista e egocêntrico, e que o legal mesmo é ter amigos ao seu redor. De novo!

Além de repetir fórmulas, a história também repete desnecessariamente piadas dentro da sua trama. E que não venham com aquele papinho de que estamos começando. A Sony não poupou esforços nem dinheiro para este projeto e conseguiu reunir para este longa três diretores, todos eles já com uma considerável bagagem no campo da animação. Roger Allers foi um dos diretores de O Rei Leão (1994). Jill Culton trabalhou na Pixar e ajudou no desenvolvimento dos dois Toy Story e Monstros S.A.. Já Anthony Stacchi tem no seu currículo o cargo de animador em Rocketeer (1991), além de trabalhos na ILM.

O jeito, então, é botar a culpa na dupla de roteiristas. Steve Bencich e Ron J. Friedman vieram da Disney. Mas não da criativa Disney de outros tempos. Antes de O bicho vai pegar, os dois só tinham nos seus ainda pequenos currículos os scripts dos formulaicos Irmão Urso (2003) e Galinho Chicken Little (2005), o que já explica bastante a forma como a trama se desenvolve também por aqui.

Os dois conseguiram criar algumas boas situações, escreveram piadas engraçadas (sem conseguir escapar da flatulência e escatologia animal!) e fizeram de tudo para construir os personagens. Mas o grande problema é que quase todas as partes cômicas foram colocadas nos trailers, deixando poucas risadas para quem se decidir por ir ao cinema. É divertido ver um gigantesco urso pardo que não consegue fazer suas necessidades atrás da moita, mas precisava dar tanta ênfase ao assunto e repetir a idéia tantas vezes?

A história, caso você queira saber, gira em torno de um urso (voz de Martin Lawrence no original) que foi domesticado por uma guarda florestal (Debra Messing). Porém, às vésperas do início da temporada de caça, ele conhece um cervo falastrão de chifre quebrado (Ashton Kutcher) e se envolve na maior confusão. Depois de bagunçar a cidade, ele é levado de volta para a floresta, para se virar na vida selvagem. Porém, tudo o que ele quer é voltar para casa, onde tinha o conforto da sua cama e das oito refeições diárias, além do carinho da sua dona e a companhia do seu ursinho de pelúcia.

Com personagens que lembram tantos outros que já vimos por aí (o monocórnio cervo é uma cópia descarada do burro amigo do Shrek), o que vale mesmo é a diversão de ouvir as gargalhadas das crianças. E resta torcer para que a próxima empreitada da Sony Pictures Animation, Surfs Up, traga um frescor maior à animação.

Nota do Crítico
Regular