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O Acordo | Crítica

Jon Bernthal engole Dwayne Johnson em um raro policial do astro de ação

18.04.2013, às 17H34.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

Assim como o seu personagem em O Acordo (Snitch), um pai de família que se infiltra escondido numa transação ilegal, o gênero policial não é o habitat natural de Dwayne Johnson, o ex-atleta de luta livre - de onde traz o seu codinome, The Rock - que ficou famoso no cinema com filmes de ação como O Escorpião Rei e comédias como Treinando o Papai. Em O Acordo, com um bom elenco coadjuvante e um papel dramaticamente mais exigente, Johnson tem suas limitações ressaltadas.

o acordo

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A trama é baseada em uma reportagem veiculada nos EUA no programa Frontline, da rede pública PBS, e segue John Matthews (Johnson), dono de uma construtora que é pego de surpresa quando seu filho adolescente é preso por tráfico internacional de drogas. Denunciar outros traficantes é a única forma de o garoto reduzir sua pena, mas o ingênuo filho de John, que entrou no esquema convencido por um amigo, não conhece ninguém. Resta ao pai interceder, na base do desespero: ele procura criminosos locais, dizendo que quer entrar no negócio de transporte de drogas, para conseguir o flagrante que reduziria a pena do filho.

Exageros à parte - em poucos dias e meia dúzia de contatos, John já está mais próximo do chefão do cartel mexicano do que o próprio FBI... - o que sustenta o drama em O Acordo é a boa seleção de coadjuvantes. Susan Sarandon e Barry Pepper interpretam, respectivamente, a promotora de justiça e o agente do FBI que auxiliam o protagonista na armação. Do outro lado, Jon Bernthal, ator de destaque mesmo antes de ficar famoso como o Shane de The Walking Dead, e que aqui interpreta a conexão de John com o tráfico, se destaca entre os demais no papel de um ex-criminoso que tem uma recaída para conseguir sustentar sua própria família.

Como o filme estabelece entre Dwayne Johnson e Bernthal uma relação de duplos - ambos agem lado a lado na ilegalidade para proteger familiares - fica difícil não comparar as atuações dos dois atores, e então se torna visível que The Rock não tem o alcance dramático que dele se exige. Já Bernthal corre apenas o risco de ficar marcado por esses tipos durões e atormentados que ele interpreta tão bem tanto na TV quanto nas telonas.

A vantagem para Johnson é que sua presença de cena nos momentos de ação continua marcante - mesmo porque fica difícil ignorar um ator quadrado de 1,92m de altura que ocupa metade do quadro. O diretor do filme, Ric Roman Waugh, é um ex-coordenador de dublês nos anos 1980 e 1990 cuja carreira como cineasta só começou mesmo depois de 2001, quando ele fez Na Sombra do Crime. Waugh adere aos vícios mais irritantes do cinema de ação com câmera na mão (até festa de aniversário infantil fica tensa com uma câmera tremida enquanto o cara come bolo), mas sabe filmar tiroteios e capotagens.

Então, se não estamos diante de um exemplar memorável do gênero policial, e se Johnson não está à altura do papel, pelo menos Waugh consegue dar aos fãs do ator a intensidade na ação que o público já se acostumou a procurar.

O Acordo | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Regular