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Crítica

Dr. T e as Mulheres | Crítica

Novo de Altman é estrelado sem ser comercial

MF
06.04.2001, às 00H00.
Atualizada em 14.11.2016, ÀS 09H01


O começo de Dr. T e as Mulheres é de arrepiar! As mulheres vão se contorcer na poltrona pelo desconforto de ver o ginecologista Sullivan Travis (Richard Gere), Dr. T, examinando uma das pacientes de sua clínica. Os homens, por sua vez, vão se sentir mal ao ver tantas mulheres histéricas e falantes juntas num espaço tão pequeno (acredite, dá mais medo que o tal exame!).

O diretor Robert Altman mantém duas de suas características: muitos personagens e discussão de um universo focalizando num pequeno grupo. Desta vez, seu alvo é o sexo feminino. Mulher é o que não falta na vida do cinquentão doutor.

A começar, temos sua esposa, Kate (Farra Fawcett). Sua vida é perfeita. Ela é linda e tem um marido que a ama e idolatra. Tanto carinho, preocupação e afeição fazem com que ela acabe regredindo a um estado infantil. Na cena derradeira em que mostra sua faculdade mental, Kate fica nua em frente à chiquérrima loja de chocolates Godiva, num shopping de Dallas, Texas.

No consultório, Dr. T não tem um único segundo de sossego. Suas pacientes são extremamente carentes e barulhentas... muito barulhentas! Por sorte, ele tem a enfermeira Carolyn (Shelley Long), que visivelmente arrasta um bonde pelo grisalho chefe, fazendo tudo o que pode por ele. Em casa, seus problemas estão longe de serem menores. A cunhada alcoólatra (Laura Dern) invade sua casa com três filhas do tipo capetinhas. Mais: sua filha primogênita (Kate Hudson, de Quase Famosos) vai se casar, enchendo de ciúmes sua irmã (Tara Reid), fã das teorias da conspiração sobre o assassinato de Kennedy.

Para se distrair, Travis vai com os amigos atirar, caçar e jogar golfe - hobbies bem masculinos para compensar a falta de testosterona até então. No clube de golfe, ele conhece Bree (Helen Hunt), instrutora deste esporte elitista. Ela é diferente das outras personagens femininas, pois não demonstra a mesma carência das outras e, claro, por compartilhar com ele um momento que antes era masculino.

O novo trabalho de Altman não consegue ser melhor que seu filme anterior, A Fortuna de Cookie. Mas não por isso é menos importante. Seu principal trunfo é ressuscitar atores que estavam sumidos ou caindo em descrédito. É o caso de Richard Gere, que dá uma guinada de 180 graus em sua carreira depois do fraquíssimo Outono em Nova York. O ator de Uma Linda Mulher consegue imprimir um ar de quem voltou a atuar com prazer - e isso faz diferença na tela! Outra que ressurge das cinzas é Farrah Fawcett. Além de mostrar que está pronta para brigar com Vera Fischer pelo troféu "coroa mais enxuta", a eterna Pantera encarna com perfeição o papel de "louquinha". Se Helen Hunt não apresenta aqui sua melhor atuação, pelo menos ela trocou o personagem de mãe solteira que a levou ao Oscar em Melhor Impossível e que repetiu no decepcionante A Corrente do Bem.

O fim do filme é um ponto de discussão. Ele é tão surpreendente quanto surreal. Parece que foi feito nas coxas e, de tão forçado, chega a ser bom. Mais uma vez Altman consegue chamar atenção sem ser comercial.

 

Nota do Crítico

Ótimo
Marcelo Forlani

Dr. T e as Mulheres

Dr. T and the Women

2000
122 min
Comédia Romântica
País: EUA
Classificação: 12 anos
Direção: Robert Altman
Elenco: Richard Gere, Helen Hunt, Farrah Fawcett, Laura Dern, Shelley Long, Tara Reid, Kate Hudson, Liv Tyler, Robert Hays, Matt Malloy, Andy Richter, Lee Grant, Janine Turner, Sarah Shahi