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Crítica

Nocturnal Animals | Crítica

Com filme que vai além da estética apurada, Tom Ford prova que é uma força a ser reconhecida no cinema

09.09.2016, às 15H09.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Segundo filme do aclamado nome do mundo da moda Tom Ford (Direito de Amar), Nocturnal Animals traz um surpreendente novo capítulo para sua carreira como cineasta, com uma desconfortável história de vingança.

Acima de tudo Ford continua um esteta.  Mantém seu total domínio do espaço e design. Visualmente, o filme é impecável. Vai do ultra chique e moderno ao grotesco e ao natural sem perder o passo - começando por uma bizarra cena de abertura com cheerleaders obesas mórbidas nuas e chegando a um final sangrento.

O artista da moda parece absolutamente à vontade nesse novo meio, mas Nocturnal Animals é muito mais que um filme de estilo ou um exercício de estética. Adaptando o romance Tony and Susan de Austin Wright, Ford cria um universo tenso, perturbador, e simultaneamente clean, violento e blasé.

O drama acompanha uma mulher de meia-idade (Amy Adams), curadora de arte bem-sucedida, enquanto ela navega as incertezas de seu casamento perfeito aos olhos dos outros. Susan questiona suas escolhas e é forçada a confrontar seu passado quando um pacote chega de seu ex-marido (Jake Gyllenhaal), o novo romance dele. Na subtrama, a família de um professor (também Gyllenhaal) vive um pesadelo no meio do deserto do Texas.

Costurando o presente e o passado com a história do romance, Ford dá um expressivo salto adiante em seu cinema. Também extrai atuações memoráveis de Gyllenhaal, um irreconhecível Aaron Taylor-Johnson e Michael Shannon - que vivem personagens do romance, que não demora a ganhar contornos de filme de terror.

As três tramas se cruzam esteticamente apenas, mas uma reforça o entendimento da outra, discutindo traição, vingança, herança e percepção. Nada está no filme por acaso e Ford prova aqui que é uma força a ser reconhecida no cinema tanto quanto já se provou na moda.

Nota do Crítico
Ótimo