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O Abutre | Crítica

Estreia na direção de Dan Gilroy tem Jake Gyllenhaal em um de seus melhores trabalhos

20.10.2014, às 11H47.
Atualizada em 31.01.2019, ÀS 12H14

Os limites morais e éticos da mídia e até onde pode-se chegar por uma história são temas frequentemente vistos no cinema. Mas nunca pelo ângulo que Nightcrawler introduz.

Na brilhante estreia na direção de Dan Gilroy, conhecido roteirista de Legado Bourne e Gigantes de Aço, Jake Gillenhaal vive Lou Bloom, um sujeito que vive de pequenos crimes, como roubar cercas e fios para vender. Mas suas ambições e determinação, adquiridos através de um vida de estudos online, o colocam em uma carreira como cameraman em busca de desastres noturnos para vender às redes de TV na madrugada.

O personagem é fascinante e Gyllenhaal o encarna com velocidade no raciocínio e discurso, fascínio nos olhos vidrados e foco em seus movimentos. O resultado é como se ele tivesse aprendido a lidar com outros seres humanos através de seminários na internet. Até seu sorriso parece brotar ao final de uma sentença como um emoticon, uma caricata pontuação tranquilizante para o outro lado da conversa. Deve ser provavelmente a maior preparação e trabalho de criação que o ator já teve - e isso é sentido o tempo todo. Gyllenhaal está surpreendente.

Dos roubos de cercas, Lou torna-se um ladrão de privacidade. Escuta as frequências da polícia em busca de cenas de crimes e acidentes para filmar as vítimas, operando com extrema competência nas madrugadas de Los Angeles. As ruas da cidade e seu vazio são filmadas de forma lúgubre e fria por Gilroy ao lado de um dos melhores diretores de fotografia em atividade, Robert Elswit (Sangue Negro). Seu olhar apurado ganha uma nova especialização depois de trabalhar em filmes como Salt e Legado Bourne. Ele usa tais ferramentas aqui em um inesperado crescente de ação, culminando em uma excelente cena de perseguição de carros.

Empregando uma comicidade um tanto sinistra, o diretor mantém o ritmo de Nightcrawler sempre tensionado, revelando os acidentes e desgraças apenas através do olhar do cinegrafista. Ao final, a crítica da mídia que Nightcrawler faz de maneira tão profissionalmente voyeuristica é um olhar incisivo sobre quem efetivamente consome seu produto. Mais do que isso, é também um ensaio sobre extremismo, solidão e a obsessão sobre o que significa vencer.

Nota do Crítico
Ótimo