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A Negociação | Crítica

Filme que deu a Richard Gere uma indicação ao Globo de Ouro faz da superficialidade uma arte

20.12.2012, às 20H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H50

A Negociação (Arbitrage) é o tipo de filme que vai fazer sucesso quando passar na televisão. Não só por ser um suspense de atores, que depende basicamente das performances do seu elenco, mas principalmente por ser um conto de moral bem definida, ideal para o espectador que, mesmo desatento, consegue captar a lição do dia.

a negociação

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Robert Miller (Richard Gere) é o típico magnata de tempos de crise econômica: sua vida pessoal e profissional parece perfeita, mas ele esconde da família que tem um caso com uma galerista de arte e esconde de todo mundo as fraudes de sua empresa. Enquanto tenta finalizar a venda da companhia para um grande banco, seus problemas com a Justiça se complicam depois da noite de sua festa de aniversário de 60 anos, quando o carro que ele dirige capota e sua amante morre.

Dos filmes recentes que têm o colapso econômico como tema ou pano de fundo, A Negociação é o mais acessível, porque não é preciso entender a crise para se conectar com o dilema moral que está no centro da trama. Ao sujeitar o protagonista a um impasse duplo, o roteirista e diretor Nicholas Jarecki (The Informers - Geração Perdida) os torna uma coisa só: responder pela morte da amante equivale a responder pela fraude, e vice-versa. Um tema árido, o subtexto financeiro, então se torna mais palatável, na forma do thriller de adultério.

E se tem um ator que entende de história de traição - fora Michael Douglas - é Richard Gere. Em A Negociação ele não só refaz com Susan Sarandon o casal partido de Dança Comigo? como repete seus cacoetes já vistos em filmes de triângulos amorosos como Desejos e Infidelidade. Não há nada mais familiar do que já saber, nas cenas mais tensas, que Gere vai piscar os olhos mais rápido pra transmitir nervosismo. Se o ator acabou indicado ao Globo de Ouro por A Negociação, não foi porque surpreendeu no papel - foi porque confirmou seus tiques mais eficientes.

É como se fosse possível tornar a superficialidade uma arte. Gere domina seus trejeitos, da mesma forma que Jarecki evita se aprofundar demais não só na questão financeiro mas também na investigativa. O lado CSI de A Negociação se desenrola como se qualquer pessoa fosse capaz de identificar pistas como um especialista forense. A norma aqui é descomplicar tudo o que é periférico na trama, para no fim tornar o dilema central mais claro (e, na comparação com tudo o resto, até mais complexo).

Os bons desempenhos de Sarandon como a esposa traída e de Tim Roth como o obcecado detetive que persegue o ricaço dão alguma dignidade a personagens planos, pensados só para fazer o contrapeso moral do magnata. Acrescente aí alguns cenários e situações típicas - a escapada de madrugada, os negócios escusos em becos e corredores, a reviravolta jurídica final - e temos em A Negociação um equilíbrio de clichês que fica no limite do aceitável. É um filme obviamente simplista, mas que tem um poder de comunicar sem ofender demais a inteligência de quem assiste.

A Negociação | Trailer

A Negociação | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Bom