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Crítica

Muppets 2 - Procurados e Amados | Crítica

Mais um musical pronto para consumo irônico

16.10.2014, às 18H29.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

É com a crença de que uma mesma piada pode ser contada duas vezes que o diretor James Bobin e o roteirista Nicholas Stoller refazem, três anos depois, a parceria de Os Muppets em Muppets 2 - Procurados e Amados (Muppets Most Wanted).

muppets

A piada, no caso, é a volta dos bonecos ao cinema e a oportunidade que Caco (ou Kermit...), Piggy, Gonzo e Cia. têm de encenar - de novo - seus números musicais e suas trapalhadas para uma geração que desconhecia a série de TV criada por Jim Henson em 1955. As tiradas de metalinguagem já abrem o filme, que começa na mesma canção que fechou o anterior - e quando os bonecos percebem que terão a chance de fazer uma continuação nas telas eles precisam encontrar uma história para contar.

A escolha é por um caper - subgênero que envolve um crime ou um mistério no começo e se desenrola como uma aventura cômica - com referências às tramas de espionagem exageradas de James Bond (e com direito a vilão de mandíbula de aço, como o Jaws criado em 007 - O Espião Que Me Amava). A mando do russo Constantine, o sapo mais perigoso do mundo e sósia de Kermit, Dominic Badguy (Ricky Gervais) convence os Muppets a fazer uma turnê pela Europa - espetáculos que servirão de fachada para os crimes de Constantine e Dominic.

Colocar no personagem de Gervais o sobrenome "vilão" é um dos exemplos de piadas de ironia imediata, acessível e inofensiva que o filme faz a todo momento. A matriz das referências a que Muppets 2 recorre é antiga, remonta aos musicais da Velha Hollywood, mas a linguagem é contemporânea - sempre há dois ou três bonecos comentando em cena a obviedade que é chamar um personagem de "vilão", por exemplo. É como se os realizadores, para permitir que se faça hoje em dia um musical com fantoches, jogassem com a autosabotagem o tempo todo.

Um especialista nisso é o compositor das canções Bret McKenzie, que traz ao filme não só suas letras propositalmente cafonas como também seu parceiro da série de TV Flight of the Conchords, Jemaine Clement - no papel de um dos prisioneiros de um Gulag soviético. As músicas irônicas de McKenzie se juntam ao roteiro cheio de cinefilia irônica de Stoller (que aqui não despiroca tanto quanto em Vizinhos).

É ironia demais para um filme só? Talvez. E para dois filmes? A fórmula de sucesso do longa de 2011 começa a dar sinais de desgastes na continuação, que perde o fator surpresa, embora o elenco cheio de participações especiais e algumas boas sacadas mantenham o interesse até o fim.

Muppets 2 - Procurados e Amados | Crítica

Nota do Crítico
Bom