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Muito Barulho por Nada | Crítica

Joss Whedon cria versão informal para a comédia de Shakespeare

22.08.2013, às 20H59.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H40

Terminadas as filmagens de Os Vingadores, Joss Whedon tinha, por contrato, algumas semanas de folga antes de se dedicar à pós-produção do blockbuster que alçaria seu nome do cult ao mainstream. Para aproveitar melhor as curtas férias, escolheu ficar em casa. Para descontrair, chamou os amigos e fez Muito Barulho Por Nada.

Muito Barulho Por Nada

Muito Barulho Por Nada

Muito Barulho Por Nada

A nova adaptação da comédia clássica de Shakespeare (levada ao cinema em 1913, por Phillips Smalley, e em 1993, por Kenneth Branagh) é definida por essa informalidade. Antigos colaboradores e parentes formam o elenco, a casa de Whedon em Santa Mônica, na Califórnia, faz as vezes de locação e o resultado é um filme intimista e despretensioso, que constantemente leva o espectador a um sorrisinho de aprovação.

Familiaridade que não está apenas nos atores ou nos cenários, mas principalmente no texto. Whedon, que costuma promover leituras shakespearianas aos domingos, é fluente no cinismo do bardo inglês.  A inspiração percorre todos os seus trabalhos, desde os prolixos diálogos de Buffy: A Caça Vampiros, e surge em Muito Barulho Por Nada espontaneamente, algo raro nas adaptações de Shakespeare ao cinema. Suas falas, mesmo que em inglês arcaico, são ditas, não declamadas.

Por espelhos e janelas conta-se uma história de amor feita de manipulação e mal-entendidos. Na semana que antecede seu casamento, Cláudio (Fran Kranz, de Dollhouse e O Segredo da Cabana) e Hero (Jillian Morgese, que serviu de figurante em Os Vingadores), auxiliados pelo governador Leonato (Clark Gregg, o agente Coulson de Vingadores e Agents of SHIELD) e pelo príncipe Dom Pedro (Reed Diamond, de Dollhouse), decidem conspirar para unir em matrimônio os inimigos declarados Beatriz (Amy Acker, de Angel, Dollhouse e O Segredo da Cabana) e Benedito (Alexis Denisof, de Buffy, Angel, Dollhouse e Os Vingadores).

O amor é joguete das aparências, em 1598 ou em 2013, e Whedon trabalha com destreza os absurdos e soluções do destino da peça (momentos coroados pela participação de Nathan Fillion, de Buffy, Firefly, Serenity: A Luta Pelo Amanhã e Dr. Horrible, como Dogberry).  Sua falta de cerimônia - com o texto, com a locação e com o elenco – cria um filme leve como uma comédia romântica, ainda que densamente shakespeariano.

Alternando momentos de “amadorismo” e de sofisticação visual, Muito Barulho Por Nada é uma versão sem precedentes. Se o filme de Branagh tem um quê de definitivo, por seu apuro e profissionalismo, a adaptação informal de Whedon – que assina até a trilha sonora - é, sobretudo, sincera. Uma qualidade essencial aos cínicos.

Nota do Crítico
Ótimo