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Filmes
Crítica

Motor City traz Alan Ritchson em um quase-musical violento e sem diálogos

Recheada de hits, história de vingança pode surpreender quem só espera um filme de porrada-brucutu

3 min de leitura
06.09.2025, às 08H30.
Atualizada em 06.09.2025, ÀS 08H43

Uma das primeiras cenas de Motor City traz Alan Ritchson no parapeito do terraço de um prédio, à noite e com um letreiro em neon vermelho ao lado. É o sonho molhado de todos os fãs que estão pedindo o ator como o Batman do DCU. O que vem a seguir, no entanto, é menos sutil do que se esperaria do Cruzado Encapuzado, diga-se.

Dirigido por Potsy Ponciroli, do ótimo Old Henry (ou O Retorno da Lenda, com foi chamado no Brasil), o filme é uma clássica história de vingança depois que um homem (Ritchson, com um cabelo maravilhoso!), que acabou de terminar sua condicional e pedir a namorada (Shailene Woodley) em casamento, acaba preso injustamente por porte de drogas. A armação tem ligação direta com o passado da amada e representa perigos bem maiores e que envolve um traficante de drogas (Ben Foster). Até aí, nada de novo. Os anos 80 e 90 estão cheios de histórias de brucutus apaixonados ou pais de família que precisam vingar de alguma forma seus amados.

Divulgação

A grande questão é que Motor City tem, mais ou menos, apenas 10 linhas de diálogo. E as únicas que são realmente expositivas estão na última cena do filme. Fora elas, são palavras gritadas ou reações no meio de momentos embalados por uma trilha sonora cheia de hits que vão desde David Bowie, Donna Summer, Fleetwood Mac e Jack White - que aparece no filme tocando piano -, até músicas clássicas como "Carol of the Bells", de Mykola Leontovych. A escolha funciona muito bem no início e a postergação da primeira fala vira uma expectativa. Quando finalmente chega, em um ponto dramático da trama, surge como algo que estava preso na garganta e vira uma combinação perfeita entre a angústia da personagem de Woodley e a ansiedade que nos causa ver os personagens reagindo, mas nunca falando.

O que é interessante no início acaba se tornando repetitivo ao longo do filme e perde um pouco da magia ali pela metade da história. O diretor abusa dos slow-motion - alguns excelentes, vale destacar - e muitas das cenas parecem esquetes. Você já sabe que, quando a música subir, o personagem em questão vai tomar uma atitude mais drástica ou sofrer algum golpe. Tudo volta a melhorar - e muito - na parte final, quando Ritchson e seus companheiros, interpretados por Lionel Boyce, o Marcus, de O Urso, e Amar Chadha-Patel (Resistência), caem de cabeça na ação. Claro, o protagonista tem um passado militar. A sequência de luta entre Ritchson e Pablo Schreiber (Halo) em um elevador está entre as melhores do ano.

Motor City vai surpreender quem achar que é só mais um filme de porrada-brucutu quando o filme eventualmente chegar ao streaming. Potsy Ponciroli, que está escrevendo a continuação de Goonies, cria uma espécie de musical-de-vingança que abraça o pop e a linguagem de videoclipe sem nenhuma vergonha. Vergonha essa que faria bem em cenas como o pastelão ataque de Woodley com uma caixa de presente ou o final que, pelo menos aqui no Festival de Toronto, arrancou risadas em um momento que talvez não fosse o correto. Pensando melhor, e olhando para o que veio antes, não dá para ter essa certeza toda. E isso é ótimo.

Nota do Crítico

Motor City

Motor City

2025
103 min
País: EUA
Direção: Potsy Ponciroli
Elenco: Ben Foster, Shailene Woodley, Alan Ritchson