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Visões da Europa | Crítica

Mostra de Cinema: <i>Visões da Europa</i>

EV
03.11.2004, às 00H00.
Atualizada em 01.11.2016, ÀS 22H03

Visões da Europa
Visions of Europe
União Européia, 2004
Curtas-metragens - 139 minutos

A Escola de Línguas, Andy Bausch
A Ilha, Kenneth Scicluna
Água Fria, Teresa Villaverde
Ana Mora em Marghera, Francesca Comencini
Bico, Aki Kaurismäki
Crianças Nada Perdem, Sharunas Bartas
Encruzilhada, Malgorzata Szumowska
Estado Invisível, Aisling Walsh
Euroflot, Arvo Iho
Europa, Christoffer Boe
Euroquiz, Theo Van Gogh
Evropa, Damjan Kozole
Mars, Barbara Albert
My House on Tape, Stijn Coninx
Nossas Crianças, Miguel Hermoso
O Banho Europeu, Peter Greenaway
O Milagre, Martin Sulik
Paris by Night, Tony Gatlif
Prólogo, Béla Tarr
Room For All, Constantine Giannaris
Self Portrait, Christos Georgiou
The Yellow Tag, Jan Troell
Tudo Vai Ficar Bem, Laila Pakalnina
Uníssono, Sasa Gedeon
Velhas Canções Malditas, Fatih Akin

Em maio de 2004, a União Européia ganhou a adesão de dez novos países - a maioria nações do Leste Europeu, ex-membros do bloco soviético. A integração desse grupo aos 15 membros originais provocou um choque cultural e político na parte ocidental do continente.

Na mesma época, a produtora Zentropa, de Lars Von Trier (Dogville), encabeçou o projeto Visões da Europa. A idéia era produzir 25 curtas de diferentes cineastas sobre cada país-membro, refletindo suas visões da atual integração européia. A única restrição era o tempo, limitado a cinco minutos.

A produção reuniu diretores de estilos e reputações diversas - de novatos com fama local a nomes consagrados, como Peter Greenaway e Aki Kaurismäki - e teve sua premiére nacional no Festival do Rio e agora na Mostra de Cinema em São Paulo.

Contrariando uma possível impressão de felicidade geral pela integração dos povos, o tom na maioria dos filmes beira o pessimismo. A tal integração irrestrita é vista com cinismo e desconfiança pelos cineastas, principalmente em face das novas políticas dos países mais desenvolvidos para dificultar a migração dos novos colegas do leste. Muitos abordaram o problema dos imigrantes ilegais - os recém-empossados do leste europeu eram até então, ao lado dos africanos, a grande massa que invadia os países ricos atrás de melhores oportunidades de vida.

No segmento português Água fria (Cold wa(te)r, no trocadilho original), a diretora Teresa Villaverde utiliza-se de trechos de arquivo de televisão, reproduzidos em velocidade reduzida, explorando o tratamento dado a imigrantes presos nas fronteiras. O grego Lugar para todos, de Constantine Giannaris, confronta o crescente número de imigrações ao país à falta de política local em relação ao fenômeno.

O mais impressionante, porém, é o irlandês Estado invisível, do diretor Aisling Walsh. O curta é um monólogo com o ator dublinense Gerard Mannix Flynn, em que o texto faz uma arrepiante defesa em favor da legião que chega clandestinamente ao país todos os dias.

Mais light, outros cineastas vão pelo caminho do humor ácido. O estoniano Euroflot narra a luta de uma mulher contra a burocracia e os mal-entendidos típicos de uma integração universal - uma pretensamente simples viagem até Bruxelas, capital da UE, se transforma em problemas com agentes norte-americanos por causa de um salto de sapato quebrado e calcinhas verde alface. Europa, do esloveno Damjan Kozole, brinca com a rivalidade entre seu país e a vizinha Croácia, que ainda não faz parte do novo bloco europeu.

Não faltam também aqueles que exploram um simbolismo mais velado, mas não menos crítico. O belo Prólogo, do húngaro Béla Tarr, mostra uma bem vestida mulher que, numa alegria forçada, distribui alimentos a uma fila com centenas de mendigos e sem-teto. O banho europeu, segmento inglês produzido por Peter Greenaway, traz 15 atores nus com bandeiras pintadas no corpo, personificando os países do bloco original, banhando-se em um grande chuveiro, enquanto os novos membros observam do lado de fora, metaforizando a história da União Européia.

O formato do filme-conjunto, com seus 25 curtas de cinco minutos, chega a cansar a audiência. Mas Visões da Europa é um ótimo espelho do cinismo que é a visão governamental da integração européia entre países ricos e pobres, mais voltada ao lado comercial do bloco do que ao humano.

Nota do Crítico

Bom
Eduardo Viveiros

O Milagre

The Miracle

159
97 min
Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Direção: Amadeu Pena da Silva
Roteiro: Andreia Leandro
Elenco: José Fidalgo, Sandra Barata Belo, André Nunes, Aurora Campos