Filmes

Crítica

A Minha Versão do Amor | Crítica

Paul Giamatti é Barney Panofsky em adaptação do romance de Mordechai Richler

21.04.2011, às 16H24.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H19

A Minha Versão do Amor (2010) adapta para os cinemas o romance Barney's Version (1997), do canadense Mordechai Richler (1931-2001). Com direção de Richard J. Lewis, o filme abrange 30 anos da vida de um sujeito chamado Barney Panofsky, empresário judeu do entretenimento televisivo no Canadá francófono. Seu negócio é produzir péssimas novelas - mas o dramalhão das telinhas não passa nem perto dos problemas que ele enfrenta em sua vida real.

Panofsky é o mais novo personagem criado na melhor tradição do humor judaico, o homem de meia-idade, rancoroso, irônico, sempre mordaz e cheio de manias que, sabe-se lá o motivo, desperta paixões em belas e interessantes mulheres. Só com muita suspensão de descrença mesmo para acreditar que tipos como Woody Allen ou Larry David possam representar inadvertidos conquistadores irresistíveis.

Paul Giamatti, que interpreta Panofsky, não é exatamente procurado para exercer sua versatilidade como ator. Suas interpretações mais memoráveis limitam-se normalmente ao mesmo tipo de papel que ele vive aqui. De qualquer maneira, isso é algo que ele faz tão bem e com tanta entrega que fica impossível não desejar mais e mais filmes assim de Giamatti. Ninguém vive esses personagens como ele, que aperfeiçoa a cada trabalho sua cara de descrença e nojo perante a vida em sociedade.

A Minha Versão do Amor, porém, deixa o terreno conhecido do humor negro judaico e seus romances verborrágicos para aventurar-se em estruturas de drama familiar mais convencional e até esbarra no suspense policial. Há um pouco de tudo na trama que salta entre as décadas desse perturbado sujeito.

O resultado é desequilibrado. Ainda que as atuações sejam excepcionais, essa oscilação de essência e intenções prejudica o conjunto. Mas para cada cena desnecessária (a acusação de assassinato é mesmo relevante? a redenção do velho chato? a doença?) há diálogos e interações maravilhosas. Todas as três ex-esposas são perfeitas (Rachelle Lefevre, Minnie Driver e Rosamund Pike), as cenas em Roma, com o artista vivido por Scott Speedman, são cheias de otimismo nostálgico e todas as vezes em que Dustin Hoffman divide a cena com Giamatti espera-se que elas durem o filme inteiro.

Ainda que a experiência seja enfraquecida pelos saltos temporais e a fragmentada mudança de ânimo, o elenco faz valer cada cena, tornando Barney Panofsky outro memorável bastião autodepreciativo das neuroses semitas.

Minha Versão do Amor

Minha Versão do Amor

Minha Versão do Amor

Minha Versão do Amor | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Bom