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Made in China | Crítica

Ta balato pla calamba!

05.11.2014, às 18H29.
Atualizada em 10.11.2016, ÀS 16H03

Regina Casé, que não protagonizava um longa desde Eu Tu Eles (2000), está de volta aos cinemas brasileiros com a comédia Made in China, escrito e dirigido por seu marido, Estevão Ciavatta, em sua primeira aventura como diretor fora da televisão. Parceiros em programas populares como Esquenta, a dupla segue a mesma fórmula com o filme, que se passa quase que inteiramente pelas ruas do Saara, grande zona de comércio do Rio de Janeiro.

Na trama, Francis (Casé) trabalha como vendedora na loja de brinquedos de Seu Nazir (Otávio Augusto), e percebe que o movimento tem caído drasticamente após a chegada do chinês Chao (Tony Lee) na loja da frente e seus produtos (muito) baratos. Intrigada com os preços fora do comum, a vendedora coloca seu namorado, o malandro Carlos Eduardo (Xande de Pilares, outro estreante no cinema) para trabalhar na concorrência, descobrir o segredos dos chineses e salvar a loja de seu patrão da falência.

Com personagens totalmente caricatos e atores que mais parecem estarem interpretando versões não-famosas de si mesmos, o longa tem seus momentos de diversão, principalmente pelo entrosamento do elenco. Casé e Xande parecem amigos de longa data dos coadjuvantes Juliana Alves e Luis Lobianco, com algumas falas parecendo totalmente improvisadas. Porém, é a história pouco atraente o ponto fraco do longa. Nem sempre o carisma da protagonista consegue sustentar subtramas sem graça, deixando o filme tropeçar nos clichês das comédias brasileiras.

Made in China é um produto feito para homenagear todas as culturas do país, mostrando que cada uma pode ter o seu lugar e conviverem em harmonia. No começo, o projeto era focado nos judeus e árabes que tomavam conta do comércio do Saara, mas a entrada dos chineses ao longo dos anos fez Ciavatta se obrigar a incluí-los como parte importante da trama. E o fez sem preconceitos, com piadas que fazem parte da rotina de quem frequenta suas lojas. A ideia de legendar as conversas dos chineses em mandarim, para deixar não apenas Francis, mas o público em geral sem saber o que acontece, é excelente. Afinal, quem nunca se sentiu perdido com dois comerciantes de outro país falando sua língua nativa enquanto você aguarda para fazer o pagamento?

Sem preconceitos, Made in China atinge o seu objetivo: valorizar a grande miscigenação brasileira e criticar a pirataria, tão recorrente em nosso cotidiano.

Nota do Crítico
Bom