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Logan Lucky - Roubo em Família | Crítica

Filme de assalto Steven Soderbergh não é genial como tenta ser, mas é bem divertido

16.10.2017, às 11H31.
Atualizada em 16.10.2017, ÀS 13H59

Filmes sobre planos geniais são complicados porque precisam ser, essencialmente, tão geniais quanto a artimanha que move a sua trama. O roteiro passa a ser uma estratégia em torno de um objetivo, seja um assalto, uma fuga ou um elaborado trambique, e seu sucesso depende do encaixe perfeito de personagens, situações e cenários. Qualquer atrito entre as peças e o que deveria ser engenhoso passa a ser apenas conveniente.

É o caso de Logan Lucky - Roubo em Família, o novo filme da produtiva “aposentadoria” de Steven Soderbergh. Todos os elementos para um plano genial estão lá, mas o mecanismo que movimenta a história não é nem de longe tão esperto quanto pretende ser. Ao mesmo tempo, se não deixa sua marca no gênero de filmes de assalto, o longa escrito sob o pseudônimo Rebecca Blunt, que possivelmente pertence a Jules Asner, esposa de Soderbergh, tem bons momentos com seus personagens caricatos e referências da cultura pop (incluindo uma ótima piada sobre George R. R. Martin/ Game of Thrones).

Cada cena serve para explorar um eixo “redneck” de intelectos acima da média, transformando em piada o seu pitoresco jeito de falar e a facilidade com que transitam entre a ignorância e a perspicácia. Assim, mesmo sem instrução formal ou experiência no mundo do crime, cada um dos Logan - Jimmy (Channing Tatum), a ex promessa do futebol americano, Clyde (Adam Driver), o bartender de um braço só, e Mellie (Riley Keough), a cabeleireira que ama carros - possui os talentos necessários para executar um intrincado plano perfeito de roubar um autódromo durante uma corrida, o que inclui também a fuga do especialista em cofres Joe Bang (Daniel Craig) da prisão.

O roteiro não se preocupa em fundamentar as habilidades dos seus personagens ou suas motivações -  Jimmy é um pai desempregado, depois um mestre do crime, sem que uma ponte tenha sido criada essas facetas. Nem mesmo a maldição que dá título ao filme - a sorte (lucky) dos Logan é uma ironia para o azar que persegue a família - merece mais do que algumas linhas de diálogo, apenas o necessário para criar a amarra final da história. A utilidade escancarada de todos esses elementos só é atenuada pela qualidade das atuações. O elenco, sem exceções, aproveita cada momento exagerado, cada fala engraçadinha, para dar vida ao filme.

Logan Lucky - Roubo em Família não é genial, mas é divertido. Do tipo que preenche uma tarde vazia em uma brincadeira que só parece elaborada, mas não exige esforço, algo que Soderbergh sabe fazer muito bem. Como o próprio filme diz em certo momento, esse é o seu Ocean's 7-Eleven (algo como 11 Homens e um Segredo do Mercadinho). 

Nota do Crítico
Bom