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Crítica

A Aventura de Kon-Tiki | Crítica

Episódios tensos evitam monotonia na imensidão do mar

08.08.2013, às 20H00.
Atualizada em 12.11.2016, ÀS 01H01

A Aventura de Kon-Tiki, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro no começo do ano, perdeu a estatueta para Amor, de Michael Haneke. Mas a obra dos noruegueses Espen Sandberg e Joachim Rønning ainda é um belo e empolgante retrato da história do pesquisador Thor Heyerdal (Pål Sverre Valheim Hagen), que, em 1947, percorreu quase oito mil quilômetros do Oceano Pacífico em uma balsa de madeira.

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Ao morar em Fatu Hiva, na Polinésia Francesa, e conhecer o folclore local, Heyerdahl concluiu que os arquipélagos não tinham sido povoados por asiáticos. Para o norueguês, os primeiros colonizadores tinham vindo pelo leste. Deixaram a região que se tornaria o Peru seguindo Kon-Tiki Viracocha, deus inca do Sol e criador do mundo.

Mas os nativos da América do Sul não tinham navios, apenas balsas formadas por toras de madeira amarradas umas às outras. E parece impossível que um veículo tão frágil, cujo rumo não pode ser facilmente controlado, resista a uma viagem de quase oito mil quilômetros. Heyerdahl, que não sabia nem nadar, quanto mais navegar, procura tripulantes para uma reencenação da jornada. São cinco seus companheiros na missão suicida: Bengt (Gustaf Skarsgård), Erik (Odd-Magnus Williamson), Knut (Tobias Santelmann), Torstein (Jakob Oftebro) e Herman (Anders Baasmo Christiansen).

Depois da partida do Peru, o cenário é a imensidão azul do Oceano Pacífico, e a linha do horizonte se movimenta conforme o barco improvisado oscila. É difícil não se lembrar de As Aventuras de Pi, também de 2012 - e que fez sucesso no Oscar, com quatro estatuetas. As cores não explodem como as de Ang Lee, mas as semelhanças ultrapassam a sensação de isolamento dos personagens. Animais brilham sob as águas durante a noite, emitindo a própria luz. E há até uma cena em que a balsa amanhece repleta de peixes voadores.

Tempestades e paredões de coral são alguns dos perigos enfrentados, mas eles não chegam perto da tensão provocada por tubarões. O filme contemplativo tem momentos realmente agitados quando os predadores se aproximam - o que acontece frequentemente.

Herman Watzinger, um dos marinheiros de primeira viagem a bordo do Kon-Tiki, é retratado como um engenheiro despreparado para a aventura. Na vida real, Watzinger era destemido, e foi o segundo na hierarquia da balsa. A mudança no personagem é compreensível, no entanto. Alguém precisava se contrapor ao delírio de Heyerdahl, trazer os pés dos espectadores ao chão.

Por mais que pareça entediante a ideia de um filme todo sobre seis homens no mar, A Aventura de Kon-Tiki não é monótono em momento algum. Pelo contrário, seus momentos contemplativos são acompanhados de inesperadas, porém bem-vindas, cenas de tensão. Vale a pena até aguentar o sotaque com que Heyerdahl pronuncia o inglês (verossímil, mas irritante).

Nota do Crítico
Bom