Filmes

Crítica

Voltando a Viver - Antwone Fisher | Crítica

Apesar dos tropeços como diretor, Denzel mostra que consegue arrancar o melhor de seus atores.

12.06.2003, às 00H00.
Atualizada em 01.11.2016, ÀS 21H03

Na natureza nada se cria, tudo se transforma. Em Hollywood, na maioria das vezes, também. Se você já assistiu Um Gênio Indomável (Good will hunting - 1997), tem apenas uma razão para ir ao cinema conferir Voltando a Viver (Antwone Fisher - 2002), as belíssimas atuações do novato Derek Luke e do próprio Denzel Washington, que debuta nas telas como diretor.

O filme conta a história real de Antwone Fisher (Luke), um marinheiro que não perde uma oportunidade para sair no braço com quem quer que seja. Depois da nonagésima briga, ele é encaminhado ao psiquiatra da Marinha (Washington) que, miraculosamente, transforma em poucas semanas um encrenqueiro de primeira em um dócil e compreensivo ser humano. Há também uma bela e sempre sensível mocinha. Nada que Matt Damon e Robin Williams não tenham vivido antes...

Fisher é o típico negro americano que encontrou na Marinha uma saída para sua vida permeada de traumas. O pai morreu antes de ele nascer, a mãe não foi buscá-lo no orfanato quando ela saiu da prisão, foi abusado pelos pais adotivos e viu seu melhor e único amigo morrer quando assaltava uma loja. Ele tinha todos os motivos e justificativas do mundo para entrar no mundo do crime, das drogas, da depressão. Mas não, o destino colocou em seu caminho esta boa alma disposta a ajudá-lo. E assim, Denzel (o ator) mostra que Antwone pode sim recuperar sua auto-estima e dar a volta por cima. E assim, Denzel (o diretor) cai na mesmice, num mar de clichês, e transforma uma produção que poderia ser tocante e original em algo pra lá de piegas e irritantemente previsível.

Alguns aspectos do filme poderiam ter sido mais explorados, como os problemas pessoais do próprio médico, mas foram tratados superficialmente. Enquanto outros ganharam extrema importância em cenas mais arrastadas que caixa de supermercado na hora do almoço. Alguns trechos prezam pelos diálogos forçosamente sentimentalistas e têm seu ápice em um melodrama de novela das oito, quando Fisher reencontra sua mãe adotiva e exclama: Você tentou me destruir! Mas agora isso não importa. Eu ainda estou de pé! Ainda sou forte! E vou continuar assim pra sempre!

Apesar de inúmeros escorregões, Denzel Washington mostrou que é um diretor, no mínimo, capaz de tirar as melhores interpretações de seu elenco - inclusive dos atores secundários. O que já é grande mérito. Por isso, ele merece uma segunda chance. E que dessa vez, seja com um roteiro menos trivial e entediante.

Nota do Crítico
Regular