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Crítica

Uma Garota Encantada | Crítica

<i>Uma Garota encantada</i>

23.06.2005, às 00H00.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 20H01

Uma Garota encantada
Ella enchanted

EUA, 2004
Comédia - 95 min

Direção: Tommy OHarver
Roteiro: Laurie Craig, Jennifer Heath, Michelle J. Wolff, Kirsten Smith e Karen McCullah Lutz, baseado em livro de Gail Carson Levine

Elenco: Anne Hathaway, Hugh Dancy, Cary Elwes, Aidan McArdle, Joanna Lumley, Lucy Punch, Jennifer Higham, Minnie Driver, Eric Idle, Steve Coogan, Jimi Mistry, Vivica A. Fox, Parminder Nagra, Jim Carter

O gênero comédia romântica tem a sua fórmula, conhecida por todos, e a segue à risca: mocinho e mocinha têm as suas diferenças e não podem ficar juntos, mas no fim o amor supera todos os obstáculos e eles vivem felizes para sempre... principalmente porque dificilmente há continuações, que eventualmente poderiam mostrar que a vida não é um conto de fadas.

Bom, no caso de Uma garota encantada (Ella Enchanted, 2004), de Tommy OHaver, a vida é sim um conto de fadas. A história começa com a pequena Ella (Anne Hathaway, da série Diário da Princesa) nascendo e recebendo da fada-madrinha Lucinda (Vivica A. Fox, de Kill Bill Vol 1) o dom da obediência. Não importa a ordem que receba, nem o que esteja fazendo, Ella obedecerá. A mãe (Donna Dent) e a babá (Minnie Driver) tentam dissuadi-la e fazê-la voltar atrás, imaginando os problemas que tal encantamento causaria à menina, mas não conseguem convencer a teimosa e amalucada fada-madrinha.

Anos mais tarde, após a morte da mãe de Ella, seu pai se casa novamente, por conveniência. A madrasta (Joanna Lumley, que partipa das dublagens de Corpse Bride) chega à nova casa acompanhada de suas duas filhas, Hattie (Lucy Punch) e Olive (Jennifer Higham). Dizer que as três transformarão a vida de Ella em um pesadelo é desnecessário. O auge do desaforo acontece quando a protagonista é obrigada a despachar a sua melhor amiga (Parminder Nagra, de Driblando o destino e E.R.). Este é o momento que Ella decide partir em busca de Lucinda e implorar para que ela retire o encantamento.

Na estrada, ela faz amizade com o duende Slannen (Aidan McArdle), que se recusa a obedecer a ordem real que força a sua espécie a participar do showbizz, cantando e dançando ou sendo bobo da corte. O que ele quer é ser advogado. É nas suas andanças, também, que Ella acaba conhecendo melhor o príncipe Charmont (Hugh Dancy, de Rei Arthur), herdeiro do trono, mas que ainda é ingênuo o suficiente para deixar todas as grandes decisões nas mãos de seu tio (Cary Elwes, de Jogos mortais).

Não culpe os irmãos Grimm

Por se passar em meio a duendes, gigantes, ogros e fadas e utilizar diversas referências contemporâneas na tentativa de arrancar risadas do público, é impossível não comparar A garota encantada com Shrek (2001). Se no reino de Tão tão distante a princesa Fiona tinha uma foto de Sir Justin em seu quarto, o príncipe de Lamia tem o seu próprio fã-clube cheio de adolescentes histéricas. E enquanto o primeiro reino parodiava Los Angeles e sua Beverly Hills, o novo tira uma casquinha de Nova York.

Mas se os gracejos e até mesmo os números musicais lembram o filme do ogro verde, algumas situações são tão porcamente desenvolvidas que lembram o roteiro de Xuxa e os duendes (2001). Ok, estou exagerando um pouco, mas não tinha um jeito melhor de fazer Ella encontrar Lucinda? E o que dizer da forma como o vilão da história cai ante os mocinhos?

É uma pena que uma idéia que até era boa a ponto de reunir elenco com nomes do quilate de Erico Idle (Monty Python), Minnie Driver e Steve Coogan tenha caído nas mãos de pessoas que não souberam executá-la. Claro que vai ter muita gente saindo do cinema contente com o que viu. Este gênero foi criado para isso mesmo. Mas não é por isso que nós temos que aguentar quietos tamanho desperdício de talentos e oportunidades. E que os diretores não ousem fazer como o duende e a gigante interpretada pela lindíssima modelo Heidi Klum, que culpam os irmãos Grimm pelos seus problemas!

Nota do Crítico
Regular